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40 anos de ecletismo e sucesso em Montreux

Claude Nobs (ao centro) tocando gaita com a Blues Brothers Band, em 1988. Keystone

Uma mistura de estratégia e de improvisação, de amizades e de legendas ... são os principais ingredientes que fizeram de Montreux um ponto de encontro das estrelas da música.

Por isso o Festival de Montreux comemora 40 anos, fundado e dirigido por Claude Nobs.

A história do Festival de Jazz Montreux, que está comemorando 40 anos, confunde-se com história de seu próprio fundador, Claude Nobs, que também festeja este ano seu 70° aniversário.

Depois uma aprendizagem profissional de cozinheiro em Basiléia, o jovem arruma um emprego de contador no Departamento de Turismo de sua cidade natal, Montreux. Mas os números lhe interessam menos do que a música e ele começa a organizar alguns concertos em Montreux, para tentar dar um pouco de dinamismo à então pacata cidade.

Em meados dos anos 60, ele viaja para Nova York e, sem complexo, vai procurar Nesuhi Ertegun, um dos donos da companhia discográfica “Atlantic” que publica seus ídolos como Aretha Franklin, Ray Charles ou Charles Mingus…

Ertegun conhecia a Suíça porque o pai fora embaixador da Turquia em Berna e ouviu o jovem Claude Nobs … que tornou-se, alguns anos mais tarde, graças aos irmãos Ertegun, o patrão da WEA na Suíça.

A abertura da 40a edição, este ano, foi feita em homenagem a Ahmet Ertegun,
fundador da «Atlantic» e a Nesuhi Ertegun, com grandes artistas estrelas como Ornette Coleman e Sérgio Mendes.

Sutil alquimia entre comércio e arte

a programação de Montreux sempre foi, em todo caso em aparência, uma espécie de confusão artística com nomes confirmados, vanguarda, desconhecidos e celebridades. O festival sempre foi e continua sendo uma sutil alquimia entre comércio e arte.

O lado comercial sempre suscita críticas. Claude Nobs respondia rapidamente que o rock e o soul também faziam parte da programação do festival.

Se é verdade que a primeira edição do festival, em 1967, foi exclusivamente de jazz, sobretudo com o «Charles Lloyd Quartet» e um jovem de 22 anos chamado Keith Jarrett, todas os estilos de música popular passaram por Montreux: rock, pop, funk, reggae, MPB, techno, rap, New age…

Jazz e incêndio

Rapidamente, a Televisão Suíça (TSR) e a União Européia de Radiodifusão (UER) firmaram parceria com o festival. A UER mandava regularmente jovens músicos a Montreux – o festival era então uma espécie de programa de calouros – e a televisão transmitia os concertos. A mídia nutriu a notoriedade do festival e permitia uma boa programação a preços acessíveis.

Alguns anos depois, Nobs abandonou os concursos, mesmo se premiados como Jan Garbarek (1968) ou Michal Urbaniak (1971) contribuíram para o renome do festival e para a emergência de novos artistas de jazz na Europa.

Claude Nobs ficou então livre para conceber sua programação como quisesse. Em 1973, o festival durou 13 dias e foi um dos mais importantes na Europa. Hoje ele dura 16 dias.

Convém lembrar que, dois anos antes, em 1971, a cidade de Montreux – e portanto o festival – tivera uma publicidade imprevisível. O Casino, onde ocorria o festival, pegou fogo durante um concerto de Frank Zappa, fora da programação do festival. O incêndio foi contado pelo grupo britânico Deep Purple na canção
«Smoke on the Water», que deu a volta ao mundo. Deep Purple vai encerrar o festival este ano, dia 15 de julho.

Além de Montreux…

Mas o Montreux Jazz Festival não ocorre mais somente em Montreux… Atualmente, outras três manifestações têm a mesma denominação: em março Cingapura, em Atlanta (USA), de 1° a 4 de setembro e em Marrakech (Marrocos) no primeiro final de semana de novembro. Estuda-se outra edição em Tóquio, em 2007.

Montreux também viaja em discos. Desde o início do festival, quase todos os concertos são gravados. «Live at Montreux» com «Bill Evans Trio» foi o primeiro disco, em 1968. Desde então foram produzidos centenas de CDs e algumas produções em DVDs. E o acervo está longe de acabar!

Um concerto célebre, no entanto, jamais poderá ficar para a posteridade: a primeira apresentação de Bob Dylan, em Montreux, em 1994. “Espero que você tenha gravado meu concerto, foi o melhor dos últimos anos”, disse Bob Dylan a Claude Nobs. “Claro que não porque você tinha proibido a a gravação”, respondeu seco o diretor do festival.

swissinfo, Andreas Keiser & Bernard Léchot

– O 40° Festival de Jazz de Montreux começou dia 30 de junho e vai até 15 de julho.

– Na programação: Carlos Santana, BB King, Paolo Conte, David Sanborn, Massive Attack, Bryan Adams, Sting, Herbie Hancock, Chick Corea, Gilberto Gil, Martinho da Vila, Maria Rita, Taj Mahal et Charles Lloyd, Deep Purple.

– Além dos côncertos pagos, há mais de 200 concertos gratuitos durante o festival.

– Há ainda concurso de jovens instrumentistas e workshops.

– Lançado em 1967, o 1° festival durou três dias e teve um orçamento de 10 mil francos suíços. Em 2006, o festival dura 16 dias, com orçamento de 18,2 milhões de francos.

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