
Aeroporto de Munique volta a fechar por presença de drones

O aeroporto de Munique foi obrigado a interromper operações pela segunda vez consecutiva nesta sexta-feira (3) devido a avistamentos de drones, afetando dezenas de voos e mais de 6 mil passageiros.
Aeroportos da Dinamarca, Noruega e Polônia também suspenderam voos recentemente por causa de drones não identificados, enquanto Romênia e Estônia responsabilizaram a Rússia, que rejeitou as acusações.
Em comunicado, o aeroporto de Munique informou que nesta sexta-feira “a partir das 21h30 [locais, 16h30 de Brasília] o tráfego aéreo foi restringido e depois cancelado devido a avistamentos de drones”, o que levou ao desvio de 23 voos de chegada e ao cancelamento de outros 12 com destino à cidade.
Ao todo, 46 decolagens tiveram de ser canceladas ou adiadas para sábado, afetando 6.500 passageiros.
Um porta-voz da polícia disse à AFP que houve “dois avistamentos simultâneos confirmados por patrulhas policiais pouco antes das 23h [18h de Brasília] nas áreas próximas às pistas norte e sul”.
“Os drones se afastaram imediatamente, antes que pudessem ser identificados”, acrescentou.
“Como na noite anterior, o aeroporto, em colaboração com as companhias aéreas, forneceu rapidamente assistência aos passageiros nos terminais. Foram disponibilizadas camas de campanha, além de cobertores, bebidas e lanches”, informou a administração do terminal.
A expectativa é que os serviços sejam retomados normalmente às 5h de sábado (0h de Brasília).
A primeira interrupção, na quinta-feira, provocou o cancelamento de mais de 30 voos e deixou cerca de 3 mil passageiros ilhados no aeroporto.
O incidente começou às 20h30 de quinta-feira (15h30 de Brasília), quando a polícia informou que drones foram vistos em áreas próximas ao aeroporto, incluindo as cidades de Freising e Erding.
Esta última abriga um campo de aviação usado pelas forças armadas da Alemanha. O jornal Bild relatou que alguns drones teriam sobrevoado o local, mas a polícia não confirmou.
Os primeiros aparelhos foram avistados perto do perímetro do aeroporto às 21h05 de quinta (16h05 de Brasília) e, cerca de uma hora depois, sobre o complexo. Os registros se estenderam até a meia-noite (19h de Brasília), levando ao fechamento das duas pistas.
Helicópteros da polícia foram acionados, mas “não há informações sobre o tipo ou a quantidade de drones”, disse a corporação.
– Alerta máximo –
Mais cedo nesta sexta-feira, o ministro do Interior da Alemanha, Alexander Dobrindt, afirmou que o primeiro incidente foi um “alerta” sobre a ameaça representada pelos drones.
“A corrida entre a ameaça dos drones e a defesa contra drones está ficando cada vez mais difícil”, disse ao jornal Bild, acrescentando que é “urgente mais financiamento e pesquisa” sobre o tema em nível nacional e europeu.
As interrupções ocorreram durante o feriado do Dia da Unidade Alemã nesta sexta-feira e enquanto Munique se prepara para o último fim de semana da Oktoberfest, que atrai centenas de milhares de pessoas à cidade diariamente.
A festa da cerveja já havia sido suspensa por volta de meio dia na quarta-feira (7h de Brasília) após um alerta de bomba.
O governo alemão deve aprovar na próxima quarta-feira um projeto de lei que permitirá ao Exército do país derrubar drones quando necessário.
O governador da Baviera, Markus Söder, disse ao Bild que “é necessário poder derrubá-los imediatamente em vez de esperar” e defendeu que a polícia também tenha esse poder.
Os avistamentos na Dinamarca e as recentes incursões aéreas na Estônia e na Polônia aumentaram os temores de que a ofensiva da Rússia contra a Ucrânia possa ultrapassar fronteiras europeias.
Na quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, alertou a Europa de que essas incursões demonstram a intenção de Moscou de “escalar’ sua agressão.
A Alemanha está sob alerta máximo, após relatar que um enxame de drones sobrevoou o país na semana passada, incluindo áreas militares e industriais.
A Dinamarca também elevou o tom, com a primeira-ministra Mette Frederiksen reiterando, na semana passada, que apenas um país “representa uma ameaça à segurança da Europa, e esse país é a Rússia”.
Moscou, por sua vez, “rejeita firmemente” qualquer sugestão de seu envolvimento. O presidente russo Vladimir Putin acusou a Europa de alimentar a “histeria” para justificar o aumento nos gastos militares.
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