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'Má informação' leva povoado indígena mexicano a rejeitar vacina anticovid

Medical staff administer the Pfizer/BioNTech vaccine against the Trabalhador de saúde administra vacina contra a covid-19 da Pfizer/BioNTech, na Cidade do México, em 28 de dezembro de 2021 afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 07. fevereiro 2021 - 20:45
(AFP)

Induzidos por rumores e boatos de que possuem um "corpo são", os indígenas de San Juan Cancuc, povoado do estado mexicano de Chiapas (sul), recusam-se a serem vacinados contra o covid-19.

“As informações são ruins (...) porque (fazem-nos acreditar que) as vacinas trazem doenças” e que as injetarem em nós “algo vai acontecer”, disse à AFP Marcelino García, diretor de Proteção Civil do município.

Em comunicado enviado na última segunda-feira às autoridades sanitárias, o prefeito da cidade, José López, garantiu que a decisão foi submetida a consulta e que os pouco mais de 24 mil moradores decidiram não se vacinar.

“Apenas duas pessoas querem tomar a vacina voluntariamente”, acrescentou.

López destacou que no dia 28 de janeiro foi realizada uma assembleia com os comitês comunitários de saúde, onde foram explicados os benefícios e possíveis efeitos colaterais.

“Em San Juan Cancuc, a campanha de vacinação contra covid-19 não será realizada na etapa de aplicação para idosos e em nenhuma outra etapa”, informou o prefeito.

O plano de imunização no México começou em 24 de dezembro e está inicialmente focado nos profissionais de saúde que atendem à epidemia.

Até agora, apenas o imunizante americano-alemão Pfizer / BioNTech foi usado.

- Sem mortes -

O chefe da Proteção Civil explicou que a decisão foi endossada por 45 comunidades desta comunidade localizada na Sierra Madre del Sur.

Por trás estão os "boatos" que levantaram interpretações errôneas, insiste, e garante que o coronavírus seja mantido sob controle nesta cidade onde, segundo a AFP, ninguém usa máscara ou se distancia no mercado ou em eventos esportivos.

“Está tudo calmo (...), graças a Deus até agora não houve pandemia, não houve ninguém que morreu”, disse García, que usa máscara. O hospital onde ele trabalha parece vazio.

Até o momento, o governo mexicano relatou três casos de covid-19 em San Juan Cancuc, que não exigiram hospitalização.

Os habitantes, pertencentes à etnia maia tzeltal, “comem verduras puras, chili, tudo o que colhem aqui” e isso também os leva a crer que “têm o corpo totalmente saudável”, frisa Garcia.

Ele explicou que as duas pessoas que querem se vacinar foram avisadas que "se algo acontecer (com elas), não culpem ninguém".

A vacinação no México é voluntária. "O mais importante é a liberdade", disse o presidente Andrés Manuel López Obrador, que completou neste domingo duas semanas de isolamento após testar positivo para o vírus.

- "Não acredito" -

Jaime, um motorista de transporte público na casa dos 25 anos, está entre os céticos. “Não acredito” em covid-19, diz o jovem, para quem a doença é algo de “outro país”.

No entanto, o México, com 126 milhões de habitantes, é o terceiro país mais castigado pela pandemia em números totais, com 165.786 mortes e 1,9 milhão de infecções. Em Chiapas, ocorrem 1.375 mortes.

Comunidades como San Juan Cancuc tomam muitas decisões com base no sistema de "Usos e Costumes", ou seja, um autogoverno indígena que costuma respeitar as autoridades civis.

Essas localidades têm seus próprios comitês de saúde e também tribunais de paz e reconciliação.

Várias aldeias indígenas de Chiapas foram palco de motins no ano passado, após a disseminação de falsos rumores que negavam a existência do covid-19 ou acusavam as autoridades de espalhar o vírus por meio de fumigações.

Em algumas aldeias, os moradores chegaram a se organizar para evitar a passagem de profissionais de saúde que realizavam operações de informação e prevenção sobre a pandemia.

Mas o governo tem sido enfático ao dizer que as vacinas não fazem mal à saúde. “É impossível que as vacinas contra a covid produzam covid”, repete o porta-voz da estratégia contra o coronavírus, Hugo López-Gatell.

Segundo o censo de 2020, 7,3 milhões de pessoas no México falam uma língua indígena, o principal critério para determinar a identidade desse setor da população.

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