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Bolsonaro nomeia advogado como ministro da Justiça e um amigo na PF

O presidente Jair Bolsonaro realiza uma coletiva em Brasília, no dia 24 de abril de 2020 afp_tickers

O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta terça-feira (28) um advogado de perfil moderado, André Mendonça, como novo ministro da Justiça, e um amigo de sua família, Alexandre Ramagem, à frente da Polícia Federal (PF), que investigará denúncias contra ele.

Bolsonaro está sendo investigado por um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), depois que o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, denunciou que o presidente tenta interferir politicamente nas investigações da PF.

Atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Ramagem é agente da PF desde 2005. Aproximou-se de Bolsonaro em 2018, como chefe da equipe de segurança do então candidato, depois que este foi apunhalado durante um ato de campanha.

Tornou-se então assessor de confiança na Secretaria do Governo e, em meados de 2019, foi designado chefe de Inteligência.

De acordo com a imprensa brasileira, Ramagem é amigo de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que comandou a campanha do pai nas redes sociais e exerce até hoje uma enorme influência no governo.

Ao ser questionado por um internauta sobre a indicação de alguém tão próximo de seu círculo familiar para o cargo de chefe da PF, Bolsonaro retrucou no domingo passado: “O que? Conheço Ramagem desde antes de conhecer meus filhos. Por isso deve ser vetado? Devo escolher o amigo de quem?”.

A demissão do antigo chefe da PF, Mauricio Valeixo, provocou a renúncia de Sergio Moro do Ministério da Justiça, ao qual a PF é subordinada.

Moro era o ministro mais popular do gabinete, identificado com a luta anticorrupção por seu papel como juiz principal na Operação Lava Jato entre 2014 e 2018.

Em seu lugar, Bolsonaro nomeou o advogado André Mendonça que, além de ter uma sólida carreira como jurista e advogado do Estado, é pastor auxiliar em uma igreja presbiteriana de perfil moderado, dentro do universo de igrejas evangélicas.

“Meu compromisso é continuar desenvolvendo o trabalho técnico que marcou minha vida”, tuitou Mendonça, após ser confirmado no cargo.

Entre as investigações em andamento que preocupam Bolsonaro, ainda segundo a imprensa local, está uma aberta em março de 2019, que investiga campanhas de notícias falsas (“fake news”) para ameaçar, ou caluniar, juízes do Supremo que contrariaram projetos do presidente.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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