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Bolsonaro se distancia das derrotas de aliados nas municipais brasileiras

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro afp_tickers

O presidente Jair Bolsonaro tentou manter distância do fraco desempenho de seus apadrinhados políticos no primeiro turno das eleições municipais brasileiras de domingo, optando por destacar o persistente enfraquecimento da esquerda.

“A esquerda sofreu uma histórica derrota nessas eleições, numa clara sinalização de que a onda conservadora chegou em 2018 para ficar”, tuitou o presidente na manhã desta segunda-feira (16).

“Minha ajuda a alguns poucos candidatos a prefeito resumiu-se a 4 lives num total de 3 horas”, acrescentou.

Dos 13 candidatos apoiados por Bolsonaro para as prefeituras, apenas dois foram eleitos, e outros dois disputarão o segundo turno em 29 de novembro.

Seu revés mais perceptível ocorreu em São Paulo – a capital econômico-financeira do país – onde seu pupilo Celso Russomano ficou em quarto lugar (10,5% dos votos).

O segundo turno será disputado entre o ex-prefeito Bruno Covas (32,8%), do PSDB, e o esquerdista Guilherme Boulos (20,2%), do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

No Rio de Janeiro, o prefeito em exercício Marcelo Crivella (21,9%) – ex-pastor evangélico apoiado por Bolsonaro – apareceu em posição desfavorável para o segundo turno, em comparação ao seu antecessor, Eduardo Paes (DEM, com 37%).

Políticos de centro e centro-direita foram os principais favorecidos nas eleições de domingo.

Bolsonaro – sem partido desde que rompeu com o PSL no ano passado, sua nona filiação política – participou de forma sutil no início da campanha, mas na reta final, e diante dos resultados desfavoráveis das pesquisas para seus aliados, começou a fazer transmissões diárias ao vivo em suas redes sociais, questionadas por violar as regras de campanha.

Dos 45 vereadores que Bolsonaro apoiou nominalmente, apenas 9 foram eleitos (20%).

O presidente deletou uma postagem no Facebook no domingo em que pedia apoio para os candidatos que em sua maioria foram derrotados, de acordo com o serviço de checagem da AFP.

Seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro, que concorreu no Rio de Janeiro, foi reeleito, porém perdeu a posição de mais votado para Tarcísio Motta, do PSOL.

Esta eleição “mostra a força que o centro voltou ter no processo (político)”, ressalta Felipe Nunes, cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais.

No campo da esquerda, Nunes destacou que partidos como o PSOL e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que disputarão segundo turno nas capitais, surgem como alternativas possíveis e minam a hegemonia do Partido dos Trabalhadores (PT), do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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