Navigation

Borrell admite fracasso no adiamento de eleições na Venezuela

Josep Borrell no Parlamento Europeu, em 7 de outubro de 2020 afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 07. outubro 2020 - 15:04 minutos
(AFP)

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, admitiu nesta quarta-feira (7) que os esforços para convencer o governo da Venezuela a adiar as eleições legislativas de 6 de dezembro fracassaram, apesar do envio de uma missão a Caracas.

Em acalorada apresentação ao Parlamento Europeu, Borrell disse que "não tivemos sucesso, mas acho que foi necessário" tentar, referindo-se ao envio da missão à Venezuela para explorar as possibilidades de um adiamento das eleições.

Para o diplomata espanhol, a resposta do governo venezuelano com a recusa de adiar as eleições "fecha qualquer possibilidade de continuidade do diálogo" sobre o eventual envio de uma missão de observação eleitoral.

Em setembro, Borrell enviou dois diplomatas a Caracas, onde se reuniram "com mais de 70 pessoas" para discutir a possibilidade de as eleições serem adiadas por seis meses, no intuito de criar condições para serem consideradas livres e justas.

Ele lamentou, porém, que o governo de Nicolás Maduro tenha respondido que, uma vez que o mandato da atual Assembleia Nacional expira em janeiro, a constituição determina que as eleições devem ser realizadas antes do final do ano.

Neste contexto, "a UE, obviamente, não poderá sequer considerar o envio de uma missão de observação eleitoral, porque isso exigiria o respeito de normas democráticas que não existiam e ainda não existem", disse Borrell.

O chefe da diplomacia europeia admitiu que, mesmo no caso de um acordo entre todas as partes sobre o adiamento das eleições, isso não representaria "por si só uma solução", mas deixaria uma "porta aberta" à negociação política entre as partes.

As eleições legislativas de 6 de dezembro deixam a UE em uma posição delicada.

A UE não aceita os resultados das eleições que marcaram a reeleição de Maduro em 2018 e reconhece apenas a autoridade da Assembleia Nacional, liderada por Juan Guaidó, que se opõe à participação da oposição nas eleições.

Com a divisão da oposição e a possibilidade real de a Assembleia passar para as mãos de outro líder da oposição, porém, essa liderança seria diluída, e a UE teria de discutir quem reconhecer como autoridade do país.

Um diplomata europeu, próximo a essas negociações, havia dito a jornalistas há uma semana em Bruxelas que, diante da recusa do governo em adiar as eleições, a UE "não reconhecerá nenhuma instituição, nem a Assembleia Nacional, nem o Supremo Tribunal" na Venezuela.

Borrell foi convocado pelo Parlamento Europeu na sequência do envio da missão diplomática, uma vez que deputados conservadores acusaram-no de realizar uma operação "clandestina" para "legitimar" o governo de Maduro.

Segundo vários desses legisladores, a oposição venezuelana não sugeriu a Borrell que a UE propusesse o adiamento das eleições, cenário que o chefe da diplomacia europeia rejeitou categoricamente.

"Fiz o que tinha de fazer. E faria de novo", reafirmou Borrell indignado, para quem a acalorada discussão do dia no Parlamento se tratou de uma disputa política interna na Espanha que se mudou para Bruxelas.

Partilhar este artigo

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?