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Brasil supera as 20.000 mortes por COVID-19, com recorde em 24 horas

Funcionários do cemitério Vila Formosa, em São Paulo, baixam o caixão de uma vítima da COVID-19, em 20 de maio de 2020 afp_tickers

O Brasil ultrapassou nesta quinta-feira (21) as 20.000 mortes pelo novo coronavírus, com um recorde de 1.188 óbitos registrados nas últimas 24 horas, segundo o balanço oficial do Ministério da Saúde.

O número de mortes confirmadas chegou a 20.047, situando o Brasil como o sexto país com o maior número de mortes por COVID-19.

O país também é o terceiro em número de contagiados (atrás de Estados Unidos e Rússia), com 310.087 casos (com aumento de 18.508 com relação à quarta-feira). No entanto, o número de contágios pode ser até 15 vezes maior devido à dificuldade em obter estatísticas precisas pela falta de testes, segundo especialistas.

A pandemia está em plena curva ascendente na América Latina e no Brasil, que tem o maior número de mortos da região (57% do total de 35.000 falecimentos) e onde o balanço de óbitos dobrou em apenas 11 dias (passou de 10.000 em 10 de maio).

A crise sanitária ocorre em um contexto de forte confusão política, devido às desavenças entre a maioria dos governadores, favoráveis às medidas de confinamento, e o presidente, que as critica devido a seus impactos para a economia.

As tensões atingiram em cheio o governo, que em menos de um mês e em plena pandemia resultaram na queda de dois ministros da Saúde. Atualmente o cargo é ocupado interinamente pelo general Eduardo Pazuello, que poderá permanecer indefinidamente.

– Presidente e governadores buscam trégua –

Bolsonaro e os governadores tentaram uma trégua nesta quinta-feira, durante uma teleconferência na qual Bolsonaro e João Doria, governador de São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil, tentaram baixar o tom de confronto.

“O Brasil precisa estar unido. A existência de uma guerra, como já foi dito aqui, coloca todos em derrota. Vamos em paz, presidente, vamos pelo Brasil e vamos juntos”, disse Doria, que em dias anteriores chegou a dizer que o país enfrentava ao mesmo tempo o coronavírus e o “bolsonarovírus”.

São Paulo, o estado mais rico e populoso do país, concentra mais de um quarto dos óbitos (5.558), seguido do Rio de Janeiro (3.412).

Nestes dois estados, as unidades de terapia intensiva (UTI) estão à beira do colapso, assim como nos estados do Ceará (2.161 mortos) e de Pernambuco (1.925), no nordeste, e do Amazonas (norte, 1.620 mortos), no norte.

Bolsonaro afirmou, por sua vez, que a reunião com os governadores foi “uma ma grande vitória do povo brasileiro”.

O clima ameno acalmou os investidores e a bolsa de São Paulo fechou em alta de 2,10%.

Os mercados estão preocupados com um agravamento, devido às tensões políticas, de uma recessão que se anuncia como a pior da História do Brasil. As previsões mais otimistas projetam para este ano uma contração do PIB em torno de 5%, mas alguns analistas não descartam um tombo de mais de 10%.

Bolsonaro, no entanto, não está disposto a dar o braço a torcer em sua ladainha pela reabertura rápida da economia, na mesma linha seguida pelo presidente americano, Donald Trump.

Em sua live desta quinta-feira, Bolsonaro considerou que o pavor da doença pode ser mais letal que o próprio coronavírus.

“Morre muito mais gente de pavor do que do ato em si. Então o pavor também mata, leva ao estresse, ao cansaço, a pessoa não dorme direito, fica sempre preocupada, [pensando] ‘se esse vírus pegar, vou morrer”, declarou.

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