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Brasil tem 881 mortes por COVID-19 em um dia e bate novo recorde

Profissional de saúde acende uma vela em protesto e tributo aos colegas mortos no combate à pandemia do novo coronavírus em São Paulo, 12 de maio de 2020 afp_tickers

O Brasil registrou 881 mortes pelo novo coronavírus em 24 horas, sua pior marca diária desde o começo da pandemia, que já causou 12.400 óbitos no país, o mais afetado pelo novo coronavírus na América Latina, informou nesta terça-feira (12) o ministério da Saúde.

O balanço também contabilizou a confirmação de 9.258 novos casos em um dia, totalizando 177.589 contágios.

Até hoje, o maior balanço de vítimas diárias por COVID-19 tinha sido na sexta-feira, 8 de maio, quando o ministério notificou 751 mortes.

Estas cifras, no entanto, são questionadas por especialistas, que alertam para uma subnotificação pois o Brasil não dispõem de exames em quantidade suficiente para realizar testagem em larga escala.

Um estudo divulgado na semana passada por cientistas brasileiros indicou a existência de mais de 1,6 milhão de casos até 4 de maio, número quinze vezes maior ao oficial que naquele dia era de 107.780 contágios confirmados.

“O Brasil só testa o número de pessoas que chegam nos hospitais, esses casos são os casos graves, de internação”, explicou à AFP um dos autores do estudo, Domingos Alves, do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP).

“Com os dados que estão sendo disponibilizados, a gente tem pouca chance de observar os cenários reais. Não temos uma política de gerenciamento da epidemia. Estamos vendo a pandemia passar livre, leve e solta aqui”, acrescentou.

São Paulo, o estado mais rico e populoso do país, é o epicentro da pandemia, com 47.719 casos e 3.949 mortes.

Estados do norte e do nordeste atravessam momentos dramáticos com a propagação da doença, que sobrecarrega os sistemas de saúde e funerário e deixa a população de luto.

O Amazonas e o Ceará estão entre os mais afetados proporcionalmente. Suas capitais, Manaus e Fortaleza, respectivamente, têm mais de 300 mortos por milhão de habitantes, praticamente o dobro do registrado em São Paulo.

O coronavírus também fez disparar o alerta em áreas não urbanas, onde vivem mais de cem povos indígenas, muitos deles isolados ou não contactados.

Em indígenas, foram contabilizados 222 casos e 19 mortes até esta terça-feira, segundo dados oficiais compilados diariamente pelo Instituto Socioambiental.

O presidente Jair Bolsonaro, que minimiza a crise e se opõe às medidas de quarentena para conter a propagação do coronavírus, trava uma batalha política com governadores e prefeitos que decretaram o isolamento social e incita a volta à normalidade e a reabertura de estabelecimentos comerciais.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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