Perspectivas suíças em 10 idiomas

Caminhoneiros ocupam rodovias e pedem maior proteção na zona mapuche do Chile

Mapuches marcham durante protesto em Curacautin, região da Araucânia, Chile, em 9 de agosto de 2020. Um policial foi ferido no domingo em Curacautin, durante violenta manifestação contra as expressões de racismo contra o povo mapuche afp_tickers

Caminhoneiros ocuparam rodovias nesta segunda-feira(10) exigindo maior proteção na área mapuche do sul do Chile, onde a violência estourou nas últimas semanas, com a queima de caminhões e máquinas florestais.

Já em Santiago, os líderes dos caminhoneiros se reuniram com o ministro do Interior, Víctor Pérez, para se declararem “em estado de alerta” devido à sequência de ataques registrados na região de Araucanía, localizada a 600 km ao sul da capital.

“Dissemos ao ministro que chega de queima de caminhões; mais um caminhão queimado e os caminhoneiros vão reagir”, afirmou após o encontro José Villagrán, da Federação dos Proprietários de Caminhões do Sul (Fedesur).

O presidente da Confederação Nacional dos Proprietários de Caminhões do Chile, Juan Araya, porém, descartou a greve. “Com uma greve o conflito não acaba. Nós, caminhoneiros, devemos ser responsáveis perante o público”, disse Araya.

Enquanto os dirigentes se reuniam em Santiago, uma manifestação acontecia na Rota 5, que atravessa o Chile de norte a sul. Caravanas de caminhoneiros cortavam a rodovia em diferentes pontos da região de Araucanía, e também nas cidades de Concepción, Valdivia, Puerto Montt e Calbuco.

“Este é o descontentamento das pessoas aqui, motoristas, microempresários, pessoas que estão sobrecarregadas com os problemas que existem aqui na região”, falou à rádio Biobío Yuri Sobarzo, secretário da Associação de Proprietários de Caminhões da cidade de Temuco, onde o protesto reuniu cerca de 40 motoristas.

No mesmo dia, dois caminhões e um maquinário do Departamento de Estradas foram incendiados em Araucanía. “É um prejuízo para o povo do campo, para um povo esforçado”, disse o governador da região, Juan Carlos Beltrán. O ataque teria sido feito por um grupo armado. No local, foram encontrados panfletos de apoio aos chamados “presos políticos mapuche”.

A região de Araucanía, onde vivem os povos indígenas mapuche, maior etnia chilena, há semanas foi abalada por uma série de ataques que alimentaram um conflito que perdura há décadas nesta área, devido à demanda mapuche pela restituição de terras consideradas suas por direito ancestral.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR