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Colômbia reduz cultivos de coca, mas segue como maior produtor de cocaína do mundo

Soldado colombiano vigia plantação de coca em Tumaco, no departamento de Nariño, em 30 de dezembro de 2020 afp_tickers

A Colômbia conseguiu reduzir os hectares de cultivos de folha de coca em 7% em 2020, mas essa redução não afetou a produção de cocaína, droga da qual o país continua sendo o maior fornecedor mundial, informou a ONU nesta quarta-feira (9).

O país registrou 143 mil hectares de cultivos ilícitos no ano passado, o que mostra uma queda de 7% frente as 154 mil contabilizadas em 2019, embora “a produção de cocaína continue crescendo”, alertou Pierre Lapaque, representante do Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (Undoc).

No poder desde 2018, o governo conservador de Iván Duque avançou nos últimos anos na destruição das plantações de onde é extraída a matéria-prima da droga, que atingiu a cifra recorde de 171.000 hectares em 2017.

Seu antecessor, Juan Manuel Santos, afirmou na época que os camponeses haviam multiplicado suas safras com a expectativa de receber os benefícios provenientes do acordo de paz com as antigas Farc, em 2016, e do enfraquecimento do peso colombiano em relação ao dólar.

Nesta quarta-feira, o presidente Duque comemorou a redução dos plantios ilehais desde sua chegada ao poder.

“Sempre dissemos aos colombianos que a nossa missão seria a de enfrentar o crescimento exponencial dos cultivos ilícitos (…) e começar um ano de redução” diante dessa “ameaça”, declarou Duque durante a apresentação do relatório da ONU em Bogotá.

Em acréscimo, o presidente colombiano afirmou que seu governo não deixará “de fazer nenhum tipo de ação ou apelar a nenhum tipo de instrumento contemplado pela Constituição e a lei, de forma a continuar enfrentando esse problema”.

No entanto, Lapaque destacou que no país existem enclaves consolidados de produção de drogas nas fronteiras com Equador e Venezuela.

“A produção de cocaína não depende apenas da área plantada com coca”, ressaltou o representante da Undoc.

A Colômbia produziu 1.228 toneladas desse pó branco no ano passado, de acordo com uma estimativa da ONU.

A quantidade “de folhas que podem ser coletadas em um hectare, a quantidade de alcaloide disponível nas folhas e a capacidade dos processadores para extraí-la estão aumentando, apesar dos esforços significativos das forças públicas”, acrescentou.

Os cinco departamentos com maior número de plantações ilícitas foram Norte de Santander (nordeste), Nariño, Putumayo, Cauca (sudoeste) e Antioquia (noroeste), que concentram “até 84% de toda a coca do país”, segundo a ONU.

Quase metade (48%) está em áreas protegidas, como parques nacionais ou reservas indígenas.

Desde que assumiu o cargo, em agosto de 2018, Duque priorizou o combate ao narcotráfico e lançou um plano antidrogas que visa reduzir pela metade o território cultivado com coca entre 2022, quando deixará a presidência sem opção de se candidatar à reeleição.

O presidente redobrou esse combate por meio da erradicação forçada de lavouras, e pretende reativar a fumigação da área com glifosato, suspensa desde 2015 pela Justiça devido aos potenciais danos à saúde humana e ao meio ambiente.

Os trabalhadores do campo são contra o retorno da aplicação dessa substância, apesar de que o governo garanta o cumprimento do que for exigido pela lei para minimizar os danos colaterais.

A Colômbia – que há mais de meio século vive um conflito armado alimentado pelos recursos do narcotráfico – continua sendo o principal produtor de cocaína e o maior produtor de folha de coca do mundo, à frente do Peru e da Bolívia.

No ano passado, a força pública confiscou 505 toneladas de cocaína. Os Estados Unidos são o maior consumidor dessa droga.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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