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Congressistas colombianos condenam envio de militares dos EUA à Colômbia

Congressistas colombianos condenam envio de militares dos EUA à Colômbia. Foto divulgada pela Presidência da Colômbia mostra o presidente da Colômbia, Ivan Duque, em Bogotá em 12 de março de 2020. afp_tickers

Congressistas colombianos condenaram nesta quinta-feira (28) o envio de uma brigada de unidades especiais do Exército dos Estados Unidos para apoiar a luta contra o narcotráfico na Colômbia e uma operação antidrogas no Caribe que tem como alvo o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.

A oposição e parlamentares independentes do governo de Iván Duque consideraram uma “violação da soberania” e das funções do Senado o envio do contingente de Assistência às Forças de Segurança (SFAB, em inglês), que começará sua missão no início de junho, segundo o Ministério da Defesa da Colômbia e a embaixada dos EUA.

Aproximadamente 45 soldados chegarão à Colômbia na primeira operação da SFAB, formada para “aconselhar e auxiliar operações em nações aliadas” com um país latino-americano, disse o Comando Sul do Exército dos EUA.

As fontes não especificaram quanto tempo os militares permanecerão no país.

“Com todo o respeito, Presidente @IvanDuque, quero lembrá-lo que o artigo 173 da nossa Constituição estabelece que ‘permitir o trânsito de tropas estrangeiras’ no território colombiano é uma atribuição constitucional do Senado”, escreveu no Twitter o presidente da Câmara Alta, Lidio García, do Partido Liberal (independente).

O senador da oposição Armando Benedetti, do Partido Social de Unidade Nacional, questionou a missão da brigada dos EUA na Colômbia, aliada próxima de Washington na região e que compartilha 2.200 quilômetros de fronteira com a Venezuela. “Que essa ‘ajuda’ não termine em uma guerra na qual não temos nada a fazer”, afirmou ele no Twitter.

“Outro erro gravíssimo de @IvanDuque é permitir que tropas estrangeiras (dos EUA) atuem na Colômbia. Porque violam a soberania nacional e a Constituição”, disse o senador Jorge Robledo, do esquerdista Polo Democrático.

– Governo responde –

O ministro da Defesa Carlos Holmes Trujillo negou que a SFAB vá participar de operações militares e garantiu que a ação faz parte de um acordo de cooperação militar assinado “há várias décadas” com “natureza consultiva e técnica”.

“Em nenhum momento haverá trânsito de tropas estrangeiras ou participação em operações militares. As operações militares são realizadas exclusivamente por tropas colombianas”, afirmou ele em um vídeo.

“É um grupo de elite puramente consultivo e de natureza técnica para melhorar a eficácia na luta contra o narcotráfico”, acrescentou.

Líder mundial na produção de cocaína, a Colômbia recebe há décadas ajuda econômica e militar dos Estados Unidos, o maior consumidor da droga, há décadas para combater o tráfico. Como parte dessa aliança, o país sul-americano recebeu empreiteiros e soldados americanos.

A missão da SFAB também vai apoiar a operação antidrogas no Caribe anunciada em abril pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de acordo com o comunicado de quarta-feira.

A ofensiva, segundo Washington, tem como alvo o “regime corrupto” de Maduro na Venezuela e é apoiada pela Colômbia e outras 25 nações americanas e europeias.

Trump lançou a campanha pela suposta colaboração de Maduro com os traficantes colombianos para enviar centenas de toneladas de cocaína aos Estados Unidos.

Maduro, que permanece no poder com o apoio dos militares, China, Rússia e Cuba, considera “um avanço” contra seu país. Ele também acusa a Colômbia e os Estados Unidos de promover uma intervenção militar na Venezuela, uma opção considerada no passado por Washington.

Duque apoia a pressão de Trump para remover o governante socialista do poder e, junto com cinquenta outras nações, reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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