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Indigenista é morto por flechada em tribo isolada da Amazônia

Vista aérea de um barco navegando o rio Juruá, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, município de Carauari, no coração da Amazônia brasileira, a 788 km de Manaus, em 15 de março de 2020 afp_tickers

Um indigenista brasileiro morreu após ser atingido por uma flecha aparentemente disparada por uma tribo isolada na floresta amazônica, informaram autoridades e um jornalista da região nesta quinta-feira.

Rieli Franciscato, de 56 anos, diretor de um programa de proteção a grupos indígenas isolados, morreu na quarta-feira na região de Seringueiras, município do norte do estado de Rondônia, informou em nota a Fundação Nacional do Índio (Funai), onde ele trabalhava.

A Funai não detalhou as circunstâncias de sua morte.

Testemunhas informaram que Rieli estava investigando, junto com uma patrulha da polícia local, o reaparecimento na área de uma tribo conhecida como “grupo isolado do rio Cautario”, disse o fotojornalista Gabriel Uchida.

O grupo foi atacado e refugiou-se atrás de um veículo, mas segundo testemunhas, Rieli foi atingido por uma flecha no peito. Ele foi levado para o hospital mais próximo, mas não resistiu ao ferimento.

O funcionário era conhecido por seu trabalho de proteção às comunidades indígenas isoladas, que recusam o contato com o exterior.

A tribo à qual o ataque é atribuído “é conhecida como um grupo pacífico”, disse Uchida à AFP por e-mail.

“A última vez que apareceram na região foi em junho. Era um grupo maior, muito pacífico”, disse.

“Desta vez, havia apenas cinco homens armados, um grupo de guerra. Isso significa que algo deve ter acontecido para eles buscarem ‘vingança'”, acrescentou.

Esses grupos às vezes reagem com violência contra mineradores ilegais ou caçadores que invadem suas terras.

Uchida disse que há alguns relatos de atividades desse tipo na região.

Os primeiros contatos de tribos isoladas foram muitas vezes desastrosos para os indígenas no passado, marcados pela violência, surtos devastadores de doenças e o colapso de suas estruturas sociais.

Rieli foi coordenador de uma operação da Funai chamada Frente de Proteção Etnoambiental Uru Eu Wau Wau, que tem como missão proteger grupos isolados.

A Amazônia brasileira abriga pelo menos 100 tribos isoladas, mais do que em qualquer outro lugar do mundo, de acordo com a ONG indígena Survival International.

“Rieli dedicou a vida à causa indígena. Com mais de três décadas de serviços prestados na área, deixa um imenso legado para a política de proteção desses povos”, afirma o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, Ricardo Lopes Dias.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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