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Insegurança alimentar ameaça norte da América Central

Soldados ajudam a carregar pacotes com alimentos em um caminhão para distribuição em comunidades de diferentes municípios de El Salvador, em Antiguo Cuscatlan, em 11 de maio de 2020 afp_tickers

A insegurança alimentar afeta 103 mil pessoas na região do Trifinio, que inclui 18 cidades fronteiriças de Guatemala, El Salvador e Honduras, devido aos furacões Eta e Iota e à pandemia da covid-19, informou um estudo regional nesta quinta-feira (17).

“Cento e três mil pessoas (21% da população analisada) estão em situação de crise ou emergência de insegurança alimentar aguda”, apontou o relatório da Mancomunidad Trinacional do Rio Lempa (MTRL), que reúne as prefeituras da região.

A segurança alimentar é entendida como a garantia de que as pessoas tenham acesso material e econômico suficiente aos alimentos para atender suas necessidades.

O MTRL exigiu “ações imediatas para reduzir a brecha no consumo alimentar e proteger seus meios de subsistência”. Também afirmou que existem outras 380 mil pessoas expostas à insegurança alimentar “mínima ou acentuada”.

O coordenador da organização, Héctor Aguirre, pediu aos governos e à cooperação internacional para concentrar esforços “para evitar chegar à fome, pois é uma fase catastrófica”.

Na fronteira tríplice, segundo Aguirre, o trabalho de entidades locais e colaboradores evitou que uma “onda de fome” ainda maior atingisse milhares de pessoas que vivem na pobreza.

O estudo do MTRL alerta que as condições da população em “emergência alimentar” podem piorar de junho a agosto de 2021, época em que as reservas básicas de grãos se esgotam, as fontes de emprego são reduzidas e o preço local dos alimentos sobe.

Por causa das medidas de confinamento, limitações nas passagens de fronteira para a mobilização de trabalhadores e restrições ao transporte para acessar os mercados, todas impostas pela pandemia do coronavírus, “a economia local ainda não se recuperou”, alerta o relatório.

Nesse sentido, 77% dos domicílios dessa região viram sua renda afetada, principalmente pela redução da oferta de trabalho, dos salários e da baixa rentabilidade das atividades ligadas ao comércio informal, o que “limita acesso a serviços básicos e alimentos”, ressaltou Aguirre.

As lavouras de café da cidade guatemalteca de Esquipulas e outras da região foram afetadas em 50% pelo excesso de chuvas dos ciclones Eta e Iota, que atingiram a área em novembro, reduzindo a demanda por mão de obra para a colheita.

Os povos mais afetados são Ocotepeque, em Honduras, Cayaguanca, em El Salvador, e a comunidade Maya-Chortí, na Guatemala.

Aguirre alertou para um possível aumento da migração desta região para os Estados Unidos em busca de trabalho.

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