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Lasso acusa líder indígena de gerar ‘anarquia’ no Equador

(Arquivo) O presidente do Equador, Guillermo Lasso, fala durante reunião com o presidente da Confederação de Povos Indígenas do país (Conaie, na sigla em espanhol), no Palácio Carondelet em Quito, em 10 de novembro de 2021 afp_tickers

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, acusou nesta terça-feira (21) o líder indígena Leônidas Iza, com quem manteve negociações após os protestos de outubro contra a alta dos preços dos combustíveis, de querer semear “um clima de anarquia” no país.

Iza, presidente da Confederação das Nacionalidades Indígenas (Conaie), respondeu, chamando o presidente equatoriano de “fascista” e “mentiroso”.

“Ele é um anarquista, não é um democrata (…) Ele quer criar um clima de anarquia” no Equador, disse Lasso em diálogo com jornalistas.

“O senhor Leônidas Iza deve ser confrontado a Constituição e a lei em vigor, dizendo-lhe claramente que essas atitudes anárquicas violam” as disposições legais, disse Lasso, acrescentando que o líder indígena está insatisfeito com a atenção às reivindicações de seu setor.

Durante um ato indígena, Iza respondeu: “Presidente da República, não tenha essa atitude fascista. Isso simplesmente mostra a incapacidade de resolver problemas dos equatorianos”.

Lasso e Iza se reuniram em novembro para amenizar uma crise social desencadeada pelo aumento dos combustíveis, que gerou protestos que deixaram 37 presos e oito policiais feridos.

O governo Lasso decretou um aumento nos combustíveis de até 12%, elevando o preço do diesel de 1,69 a 1,90 dólares por galão (3,8 litros) e o da gasolina comum, de 2,50 a 2,00,55 dólares.

Posteriormente, na negociação, o Executivo prometeu analisar a proposta do movimento indígena de baixar o preço do diesel para R$ 1,50 e da gasolina comum para R$ 2,10.

Desde 2020, o valor dos combustíveis no Equador aumentou progressivamente 90%. O presidente acrescentou nesta terça-feira que está “de braços abertos e mãos estendidas” para conversar com organizações sociais e fazer acordos.

A opositora Conaie – que participou de protestos que derrubaram três lideranças entre 1997 e 2005 – anunciou que a partir de janeiro retomará manifestações permanentes para exigir a redução dos combustíveis.

Lasso anunciou que usará “toda a força pública” para que “aqueles que querem anarquizar este país, interromper os serviços públicos e aprofundar uma crise econômica já afetada pela pandemia acabem na cadeia”.

Os indígenas, que em outubro de 2019 também lideraram manifestações que deixaram onze mortos, exigem o fim da exploração dos recursos naturais nas áreas onde vivem, ponto sobre o qual também não há acordo com o governo.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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