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Oito países da América Latina pedem fundos para imigrantes venezuelanos

Migrantes venezuelanos exibem bandeira de seu país em um acampamento de refugiados em Bogotá, 13 de novembro de 2019 afp_tickers

Oito países latino-americanos e o representante do opositor Juan Guaidó no Equador solicitaram, nesta terça-feira, mais fundos internacionais para atender cerca de 3,5 milhões de imigrantes venezuelanos na região, diante da prolongada crise econômica e política na Venezuela.

Delegados de governos reunidos em Quito instaram a entrega de ajuda econômica não reembolsável para “contribuir solidariamente” com 16 nações que estão acolhendo ou servem de trânsito aos imigrantes.

São requeridas “ações concretas” de apoio financeiro, expressou à imprensa o vice-ministro equatoriano de Mobilidade Humana, Santiago Chávez, anfitrião da reunião técnica à qual assistiram enviados de agências da ONU, do Banco Mundial (BM) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

“Não estamos realmente muito satisfeitos com o que os bancos estão fazendo em termos de cooperação financeira. Estamos pedindo a eles que façam mais do que estão fazendo. Isso é o que esta situação grave e urgente merece”, acrescentou.

No entanto, Chávez evitou quantificar as necessidades financeiras.

Só o Equador, que abriga cerca de 250.000 venezuelanos registrados, demanda 550 milhões de dólares para seus planos até 2021.

Em dezembro, a ONU solicitou doações no valor de 738 milhões de dólares.

Há cerca de 3,5 milhões de venezuelanos na região, aponta uma declaração conjunta da terceira reunião do denominado “Processo de Quito”, que o Equador promove para coordenar esforços ante a onda migratória.

A ONU calcula que no fim de 2019 a cifra de imigrantes atingirá 5,3 milhões.

Após a reunião de dois dias, o documento foi assinado por representantes da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

Além disso, foi assinado por René de Sola, embaixador em Quito nomeado por Guaidó, chefe parlamentar reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países liderados pelos Estados Unidos.

O governo de Nicolás Maduro se marginalizou do “Processo de Quito”, que continuará em Buenos Aires em 4 e 5 de julho.

A declaração manifestou a preocupação ante a grave crise migratória e humanitária e ressaltou ações de nações latino-americanas, como a isenção de requisitos, para regularizar migrantes sem documentos de viagem.

Mais cedo, o alto comissário da ONU para os refugiados (Acnur), Filippo Grandi, pediu aos países da América Latina que mantenham as “portas abertas” para os migrantes e refugiados venezuelanos, sem limitar a entrada deles.

“A solidariedade na América Latina tem sido uma vez mais destacável” diante da crise na Venezuela, declarou Grandi numa reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação dos refugiados no mundo.

“Apesar da carga que pesa sobre vocês, deixem a porta aberta e aliviem as restrições impostas aos venezuelanos” que fogem do país, pediu o chefe da Acnur.

A Venezuela passa por uma crise com hiperinflação, escassez de produtos básicos e graves falhas na assistência médica e nos serviços públicos.

Apesar da pressão internacional para que deixe o poder, Maduro confia nos militares para enfrentar o que considera uma tentativa de invasão a seu país por parte da oposição, dos Estados Unidos e de seus aliados.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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