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ONU alerta para aumento ‘preocupante’ da violência na Colômbia em 2021

Soldados colombianos montam guarda em posto de controle no município de Tame, departamento de Arauca, Colômbia, perto da fronteira com a Venezuela afp_tickers

A alto comissária da ONU para os Direitos Humanos alertou nesta quinta-feira (3) sobre o aumento da violência em 2021, que se evidenciou em um maior número de massacres, homicídios e deslocamentos após cinco anos do pacto de paz com as FARC.

“O que vimos com preocupação em 2021 foi um aumento da violência nos territórios (…) que está afetando desproporcionalmente os povos indígenas e afrodescendentes”, disse Juliette De Rivero, representante dessa unidade das Nações Unidas, após a apresentação do relatório sobre a situação dos direitos humanos no país.

A agência documentou 100 massacres em 2021, contra 76 no ano anterior, entendidos como assassinatos de três ou mais pessoas no mesmo evento. Embora alguns estejam em processo de verificação, em 78 deles há um registro de 292 vítimas, especificou a ONU.

O relatório também contabiliza um aumento dos homicídios “principalmente em áreas com altos níveis de desigualdade e uma insuficiente presença integral do Estado”.

Além disso, o deslocamento forçado entre janeiro e novembro de 2021 afetou 72.388 pessoas, enquanto em todo o ano de 2020 as vítimas desse tipo de violência foram 26.291. A maioria dos deslocados (96%) eram indígenas e negros.

O aumento da violência também puniu os defensores dos direitos humanos. A agência recebeu denúncias de 202 ativistas mortos no ano passado, enquanto em 2020 esse número era de 133 casos.

Com o apoio da ONU, a Colômbia assinou um acordo de paz em 2016 que levou ao desarmamento e à transformação em partido político do que era a guerrilha mais poderosa das Américas, as Farc, envolvidas em um conflito sangrento de mais de cinco décadas.

O relatório documenta o assassinato de 54 ex-rebeldes, elevando para 303 o número total de signatários de acordos de paz mortos em cinco anos.

Embora o pacto histórico tenha reduzido a intensidade da guerra, guerrilhas, paramilitares e traficantes ainda atuam e desafiam o Estado em várias partes do país.

O prolongado conflito armado na Colômbia deixou cerca de nove milhões de vítimas, entre mortos, desaparecidos e deslocados.

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