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Pequena empresa BioNTech, grande esperança da pesquisa contra a covid-19

A empresa alemã de biotecnologia BioNTech nunca produziu uma vacina, mas lidera a corrida na busca por um escudo contra a covid-19 afp_tickers

A empresa alemã de biotecnologia BioNTech nunca produziu uma vacina, mas lidera a corrida na busca por um escudo contra a covid-19.

Graças a uma tecnologia inovadora, a empresa fundada em 2008 conseguiu se associar com a gigante americana Pfizer. As duas empresas anunciaram nesta segunda-feira (9) resultados promissores no ensaio em grande escala da fase 3 de sua vacina em desenvolvimento, a última etapa antes de pedir sua homologação.

– Pioneira contra o câncer –

Com sede em Mainz, capital do estado federal de Renânia-Palatinado, essa sociedade de cerca de 1.500 funcionários é especializada na pesquisa das imunoterapias para o tratamento do câncer e de doenças graves ou hereditárias.

A BioNTech foi fundada por um casal de pesquisadores alemães de origem turca, Ugur Sahin e Özlem Türeci, e se especializou principalmente no desenvolvimento de terapias individuais adaptadas a cada paciente de câncer.

Neste sentido, o laboratório trabalha na tecnologia do RNA mensageiro (RNAm), uma molécula que permite ao corpo humano criar proteínas virais que irão desencadear uma resposta imunológica.

Essa tecnologia, que tem a vantagem particular de conseguir se desenvolver rapidamente sem crescimento celular, é a que trabalha na vacina candidata contra a covid-19.

– Capacidade de reação –

O imunologista Ugur Sahin, de 55 anos, contou à imprensa alemã como foi chamado a atenção, em janeiro, por um artigo publicado no The Lancet, a renomada revista científica médica britânica. O artigo descrevia a propagação de um novo vírus surgido em Wuhan, na província de Hubei, na China.

O risco de pandemia ainda não era mencionado, mas a BioNTech decidiu desde então trabalhar sobre este novo vírus. Antes mesmo que o planeta entrasse em confinamento no início da primavera boreal, já havia desenvolvido 20 vacinas candidatas, explicou Sahin no Spiegel.

Entre esses projetos, a BioNTech escolheu a fórmula BNT16b2, a mais promissora, para iniciar seus ensaios.

– A força da Pfizer –

A pequena empresa alemã e a Pfizer – gigante americana de quase 100.000 funcionários – já fizeram uma associação de pesquisa e desenvolvimento em 2018 para a concepção de vacinas com RNAm destinadas a prevenir a gripe. Este acordo desencadeou o desenvolvimento de uma vacina candidata.

Para a BioNTech, que ainda não produziu ou colocou no mercado tratamentos médicos autorizados, unir-se à força da Pfizer é uma vantagem.

A aliança entre ambas as empresas foi anunciada em meados de março.

“É a nossa tecnologia”, lembra Sahin. “A cooperação é ideal” porque “nos permite desenvolver e distribuir uma possível vacina o mais rápido possível”, explica no Spiegel.

– No caminho certo –

O laboratório tem como objetivo fabricar 100 milhões de doses este ano e agora “claramente” espera superar o objetivo anterior de 1,3 bilhão de doses para o próximo ano, disse BioNTech à AFP.

Vários países e a União Europeia já reservaram milhões de doses da vacina BioNTech/Pfizer à espera das eventuais autorizações de comercialização nos diferentes países interessados.

Em meados de março, a BioNTech assinou igualmente um acordo de cooperação com a chinesa Fosun Pharmaceutical, com sede em Xangai, que será o distribuidor exclusivo da vacina na China.

Enquanto a capitalização da BioNTech, que é listada na Nasdaq, disparou este ano, Ugur Sahin e Özlem Türeci entraram no clube exclusivo dos bilionários e dos cem alemães mais ricos.

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