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Prefeito do Rio de Janeiro é preso por suspeita de propina

(Arquivo) Marcelo Crivella em 20 de maio de 2019 afp_tickers

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, foi detido nesta terça-feira (22) em uma investigação sobre um suposto esquema de pagamentos de propinas na prefeitura – informou o Ministério Público.

Crivella, um ex-pastor evangélico que está a nove dias do fim do mandato, foi detido pouco ante das 6h em sua casa na Barra da Tijuca.

Antes de entrar na Cidade da Polícia, Crivella, de terno azul e com máscara de proteção contra a covid-19, declarou aos jornalistas: “Fui o prefeito que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro”. Em seguida, ele pediu “justiça”.

Na mesma operação foram detidas outras pessoas, incluindo o empresário Rafael Alves, acusado de ser o chefe do suposto “QG da propina” na prefeitura, irmão de Marcelo Alves, ex-presidente da Riotur.

Também foi detido Mauro Macedo, ex-tesoureiro de campanhas de Crivella e primo de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), de quem o prefeito do Rio é sobrinho.

De acordo com a investigação do MP do Rio de Janeiro, iniciada em 2018 com a delação de um doleiro, empresas que desejavam assinar contratos com a Riotur pagavam propinas ao empresário Rafael Alves.

– Mandato polêmico –

Crivella encerra desta maneira um mandato marcado por muitas polêmicas. No dia 1º de janeiro de 2021, Eduardo Paes retornará ao cargo, após a vitória sobre o atual prefeito no segundo turno das eleições municipais (64% contra 36%).

Durante a campanha, na qual Crivella associou sua imagem ao presidente Jair Bolsonaro, o prefeito afirmou diversas vezes que Paes seria preso por supostos atos de corrupção.

Durante o mandato, Crivella, 63 anos, foi objeto de várias tentativas de processos de impeachment por sua má gestão. Também foi acusado de misturar política e religião e de favorecer os membros de sua igreja.

Em julho de 2018, segundo o jornal O Globo, ele teria prometido em um encontro com pastores evangélicos que os fiéis da IURD teriam prioridade para cirurgias de catarata em clínicas municipais.

Em abril, Crivella ordenou a instalação de um aparelho de tomografia no estacionamento de um templo da IURD na Rocinha, a maior favela do Rio.

Recentemente, o MP abriu uma investigação pelo suposto uso da Igreja Universal do Reino de Deus para lavar dinheiro procedente de corrupção.

Crivella será substituído pelo presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felipe, até que Paes assuma o poder no município em janeiro.

– Corrupção crônica no Rio –

Esta prisão é mais um episódio sombrio na história do estado do Rio de Janeiro, que enfrenta uma permanente crise de segurança.

O governador do estado, Wilson Witzel, está temporariamente destituído por suspeitas de corrupção na área da saúde, em plena pandemia de coronavírus.

O estado do Rio está entre as regiões mais afetadas pela pandemia, que já provocou mais de 187.000 mortes no Brasil.

Com Witzel, cinco dos seis governadores do Rio em função desde 1998 tiveram problemas com a Justiça, e quatro deles foram presos em algum momento.

O caso mais emblemático é o de Sérgio Cabral (2007-2014), preso desde 2016 e condenado a quase 300 anos de prisão em diferentes casos de corrupção, incluindo um relacionado às obras de reforma do estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.

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