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Travessias irregulares de migrantes aumentam na fronteira Bolívia-Chile

Migrantes venezuelanos caminham pela estrada após cruzarem ilegalmente a fronteira entre a Bolívia e o Chile em Colchane, Chile, em 3 de fevereiro de 2021 afp_tickers

A entrada irregular de imigrantes, principalmente venezuelanos, no Chile a partir da Bolívia foi dez vezes maior em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado, informou uma autoridade local nesta sexta-feira(5), o que está causando um colapso nos serviços, especialmente na assistência médica em meio à pandemia.

“Só neste ano chegaram 3.600 estrangeiros irregulares, dez vezes mais do que no ano passado”, disse Miguel Angel Quezada, prefeito da região de Tarapacá, segundo o jornal La Tercera.

Segundo autoridades chilenas, milhares de imigrantes caminham da Bolívia pelo inóspito altiplano andino, a uma altitude de 3.600 metros, enfrentando temperaturas extremas e desafiando a pandemia de covid-19, até chegarem à região de Tarapacá, cerca de 2.000 km ao norte de Santiago, uma difícil jornada que só nesta semana já tirou a vida de dois migrantes.

Neste ano, mais de 1.500 desses estrangeiros – incluindo idosos, mulheres grávidas e crianças – cruzaram o Chile pela cidade fronteiriça de Colchane, onde centenas deles permanecem acampados à espera da ajuda das autoridades.

“Aqui à noite a temperatura está abaixo de zero, os pais acendem uma fogueira, têm que colocar fogo no lixo para aquecer as crianças”, disse à AFP a venezuelana Lucia Mena.

“Precisamos sair de Colchane, não estão dando respostas positivas aqui. Abram as portas para nós, precisamos de apoio”, pediu Dona Icadona, também venezuelana.

A situação está gerando uma nova crise migratória, e esta semana houve reclamações do prefeito e moradores desta região de cerca de 1.600 habitantes, em sua maioria de origem aimará, sobre supostas ocupações ilegais de casas por cidadãos estrangeiros.

“Isso está causando um colapso em termos de assistência médica, também de serviços básicos. Todos os dias vemos um aumento considerável de imigrantes que entram no Chile sem nenhum controle”, disse Javier García, prefeito de Colchane.

As autoridades transferiram parte dos imigrantes de ônibus para abrigos e residências de saúde em Iquique, cidade que está em quarentena devido ao alto número de infecções por coronavírus.

Outros acampam em praças e praias. O governo do presidente Sebastián Piñera tomou medidas para enfrentar esta crise migratória, como o reforço do controle de fronteira com os militares e a licitação de 15 aviões para realizar o processo de expulsão de imigrantes ilegais, principalmente em Iquique e Colchane.

“Para acelerar as deportações judiciais e administrativas, são necessários aviões com maior disponibilidade em termos de horas, voos e dias”, afirmou Rodrigo Delgado, Ministro do Interior.

Desde 2014, cerca de 500.000 venezuelanos se estabeleceram no Chile, escapando da crise política e econômica de seu país, e se tornaram a maior colônia estrangeira do país.

O Chile experimentou um crescimento explosivo da migração nos últimos anos, que hoje inclui cerca de 1,5 milhão de pessoas, que chegaram atraídas principalmente pela estabilidade política e econômica, segundo informações oficiais.

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