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Washington mostra apoio a presidente do Haiti, mas impõe condições

Protestos contra o governo do presidente do Haiti, Jovenel Moise, em 15 de janeiro de 2021 em Porto Príncipe afp_tickers

Com ampla rejeição popular e indicando querer estender ilegalmente seu mandato, o presidente haitiano Jovenel Moise recebeu o apoio dos Estados Unidos nesta sexta-feira (5), que em troca pediu moderação e novas eleições.

Moise governa o Haiti sem qualquer controle desde o ano passado e diz que permanecerá como presidente até 7 de fevereiro de 2022, com base em uma interpretação da Constituição que a oposição rejeita, alegando que seu mandato termina neste domingo.

“Instamos o governo do Haiti a organizar eleições legislativas livres e justas para que o Parlamento possa recuperar seu papel de direito”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, a repórteres em Washington.

Como a Organização dos Estados Americanos (OEA), os Estados Unidos acreditam que “um novo presidente eleito deve suceder ao presidente Moise quando seu mandato terminar em 7 de fevereiro de 2022”, disse Price.

Mas os Estados Unidos, que são o maior doador do Haiti, alertaram que o governo deve atuar de maneira moderada até que as eleições sejam realizadas.

Os decretos devem ser reservados para “marcar eleições legislativas e para ameaças imediatas à vida, saúde e segurança, até que o Parlamento seja restaurado e possa retomar as suas responsabilidades constitucionais”, disse Price.

A eleição de deputados, senadores, prefeitos e autoridades locais deveria ter sido realizada em 2018, mas as eleições foram adiadas, o que criou um vácuo no qual Moise diz ter o direito de permanecer no comando por mais um ano.

Uma dúzia de grupos de mulheres e de direitos humanos criticaram a missão da ONU no Haiti por fornecer apoio técnico e logístico aos planos do presidente de realizar um referendo para a reforma constitucional em abril e as eleições presidenciais e legislativas no final do ano.

“As Nações Unidas não deveriam, em nenhuma circunstância, apoiar o presidente Jovenel Moise em seus planos não democráticos”, afirma o documento.

O Conselho Eleitoral que fixou as datas de todas essas votações foi nomeado unilateralmente pelo presidente. Seus membros não foram empossados por um tribunal, conforme exigido por lei.

Nos últimos meses, por outro lado, a criminalidade aumentou muito no país. Por exemplo, tem havido um ressurgimento de sequestros para extorsão, cujas vítimas não são apenas pessoas pertencentes aos setores mais ricos, mas também pessoas de baixa renda. A maioria da população haitiana sobrevive abaixo da linha da pobreza.

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