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Ataque a uma sinagoga em Manchester deixa dois mortos e quatro feridos

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Duas pessoas foram assassinadas e quatro ficaram gravemente feridas nesta quinta-feira (2) em frente a uma sinagoga muito movimentada devido ao feriado de Yom Kipur em Manchester, no norte da Inglaterra, durante um ataque no qual também morreu o suposto autor.

A polícia da Grande Manchester anunciou que “duas pessoas” da comunidade judaica “foram assassinadas” em frente à sinagoga de Heaton Park, no bairro de Crumpsall, localizado ao norte de Manchester.

Ambas morreram quando um homem dirigiu seu carro contra os pedestres que estavam fora do centro religioso antes de sair do veículo e atacá-los com uma faca.

A polícia, que qualificou a ação como “terrorista”, confirmou que as forças de segurança abateram o suspeito e que “quatro pessoas permanecem no hospital com diversos ferimentos graves”.

O corpo armado anunciou à noite que o autor do ataque era um britânico de 35 anos de origem síria e que outras três pessoas, dois homens por volta dos trinta anos e uma mulher de cerca de sessenta anos, foram detidas “sob suspeita de cometer, preparar e instigar atos terroristas”.

A polícia chegou ao local do ataque após receber uma ligação por volta das 09h30 (05h30 de Brasília), quando uma testemunha viu “um carro atropelando pessoas e um homem sendo esfaqueado” em frente a uma sinagoga.

Outra testemunha disse à emissora BBC que viu a polícia atirar no suspeito. “Deram-lhe alguns avisos, ele não obedeceu e abriram fogo. Ele caiu no chão, começou a se levantar, e então dispararam novamente”, explicou.

Chava Lewin, outra pessoa que presenciou o ataque, contou que viu o autor “começar a agredir várias pessoas com uma faca, para depois atacar o segurança da sinagoga e tentar entrar na mesma. Alguém bloqueou a porta”.

– “Horrorizado” –

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, se declarou “horrorizado” com o ataque e encerrou mais cedo a visita à cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE) em Copenhague para presidir uma reunião de emergência do governo no Reino Unido. 

Starmer declarou depois que seu país deve “vencer” o auge do antissemitismo, em um discurso televisionado.

“Não é um ódio novo, é algo que os judeus sempre experimentaram. Devemos ser claros: é um ódio que volta a crescer e o Reino Unido deve vencê-lo mais uma vez”, afirmou.

O rei Charles III declarou-se “profundamente chocado e entristecido”.

O alto comissário das Nações Unidas, Volker Turk, também disse estar “horrorizado” com o ataque, qualificando os crimes contra comunidades religiosas como “totalmente deploráveis”.

A tragédia ocorreu durante o Yom Kippur, o feriado mais sagrado do judaísmo. Nesta celebração, os fiéis costumam visitar as sinagogas várias vezes para rezar.

Este atentado também ocorre poucos dias antes do segundo aniversário do ataque do Hamas no sul de Israel, ocorrido em 7 de outubro de 2023, que resultou em 1.219 mortos, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

Em retaliação, o Exército israelense lançou uma ofensiva abrangente em Gaza, que deixa 66.055 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU. 

– Aumento de ataques antissemitas –

A população judaica na Grande Manchester somava cerca de 28 mil em 2021, de acordo com a organização britânica Institute for Jewish Policy Research.

O Reino Unido tem enfrentado um aumento no número de incidentes antissemitas nos últimos anos.

A organização judaica Community Security Trust (CST) registrou 1.521 incidentes antissemitas durante os primeiros seis meses de 2025, uma redução em comparação ao recorde de 2.019 registrados no primeiro semestre de 2024, após o ataque do Hamas a Israel de outubro de 2023.

O número de incidentes este ano é o segundo maior, segundo a organização beneficente, que monitora o antissemitismo no Reino Unido desde 1984.

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, acusou as autoridades britânicas de não conter a “desenfreada incitação antissemita e anti-israelense” e nos “chamados de apoio ao terrorismo” no Reino Unido.

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