The Swiss voice in the world since 1935

Busca por desaparecidos continua após enchentes no Texas

afp_tickers

Cerca de 170 pessoas seguem desaparecidas, nesta quarta-feira (9), devido às enchentes no Texas, que já causaram mais de 100 mortes e deixaram um rastro de desolação e ruínas neste estado do sul dos Estados Unidos.

Na madrugada de sexta-feira (4), feriado nos Estados Unidos, chuvas torrenciais provocaram inundações repentinas e um aumento de oito metros no rio Guadalupe em apenas 45 minutos.

Dias depois, muitos moradores procuram desesperadamente seus entes queridos.

Javier Torres é um deles. Em Hunt, epicentro das enchentes, o jovem de 24 anos escava em busca de sua avó na lama deixada pela retirada das águas transbordadas do rio Guadalupe. Ele já encontrou os corpos de seu avô e de duas crianças.

Helicópteros, drones e equipes caninas continuam mobilizados em condições difíceis.

Na terça-feira, o governador do Texas, Greg Abbott, declarou que apenas no condado de Kerr, 161 pessoas foram dadas como desaparecidas, número baseado em informações de amigos, familiares e vizinhos. 

As autoridades do condado confirmaram este número na quarta-feira. Outras 12 pessoas continuam desaparecidas no restante do estado.

– “Porta a porta” –

“Nossa tarefa número um é localizar todas as pessoas desaparecidas”, insistiu o governador.

No total, foram registradas 110 mortes devido às inundações no centro do Texas e outras 15 no restante do estado, segundo as autoridades.

O condado de Kerr, o mais afetado, relatou 95 mortes, incluindo 36 crianças, segundo o xerife Larry Leitha.

Entre as vítimas estão 27 crianças e monitores do acampamento cristão para meninas Camp Mystic, às margens do rio Guadalupe, que abrigava cerca de 750 pessoas.

Cinco campistas e um monitor continuavam desaparecidos na quarta-feira, de acordo com o xerife Leitha, que confirmou que outra criança, que não estava no acampamento, permanece desaparecida.

Mais de 2 mil socorristas, policiais e especialistas foram ao local do desastre, afirmou.

O chefe de polícia de Kerrville, Jonathan Lamb, contou como centenas de pessoas foram resgatadas.

Os agentes foram “porta a porta, acordando as pessoas” na sexta-feira e, em alguns casos, “tiraram-nas pelas janelas” de suas casas ou reboques inundados, declarou a jornalistas.

A tragédia, “por mais horrível que seja, poderia ter sido muito pior”, acrescentou.

– Críticas –

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que viajará ao Texas na sexta-feira (11) acompanhado por sua esposa Melania. 

A Casa Branca se defendeu das críticas que culpam o desastre pelos cortes orçamentários no Serviço Nacional de Meteorologia. 

O serviço meteorológico americano emitiu “previsões e alertas oportunos e precisos”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. 

Foi emitido um alerta pouco depois da 1h00 da manhã, mas muitos moradores estavam dormindo ou tinham desligado seus telefones.

Nas coletivas de imprensa de terça e quarta-feira, os funcionários locais evitaram perguntas sobre os alertas.

O xerife Leitha disse que será necessário examinar o ocorrido, mas reconheceu que “essas perguntas precisam de respostas”. Na sexta-feira, caíram quase 300 milímetros de chuva por hora, um terço da precipitação média anual.

As inundações súbitas, causadas por chuvas torrenciais que o solo seco não consegue absorver, não são um fato isolado.

Mas, segundo a comunidade científica, a mudança climática aumentou a frequência e a intensidade de fenômenos meteorológicos como inundações e secas.

“É uma zona do Texas que experimenta ambos os extremos do espectro das mudanças climáticas (…) As secas se tornam mais extremas” e “a chuva quando chega provoca precipitações mais intensas, com uma maior probabilidade de inundações repentinas”, explicou o meteorologista Shel Winkley.

bur-vla/eml/erl/rm/aa/mel/lm/am

Mais lidos

Os mais discutidos

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR