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Parlamento tem 23% de mulheres

O parlamento suíço é composto de 23% de mulheres. Keystone Archive

A Suíça ocupa o 26o lugar no quesito "igualdade de sexos" na vida política, segundo pesquisa realizada pela União Parlamentária Internacional (UIM).

O trabalho foi realizado em 50 países, no período compreendido entre 1999 e 2003.

Tomando essa referência, muito distante da paridade reclamada pelas organizações femininas, a Suíça têm tido um avanço lento na equiparação dos sexos.

A Associação de organizações femininas denunciou, durante a “Jornada Internacional da Mulher”, a representação reduzida das mulheres nos parlamentos cantonais suíços. No Tessin, por exemplo, esta não passa dos 10%, enquanto que nos outros cantões a representação é de 24%.

Na opinião de Anders Johnson, secretário geral da União Parlamentária Internacional (UIM), ter 23% de mulheres no parlamento federal helvético constitui “um motivo de satisfação moderada”.

Cultura igualitária

“Por um lado, temos um grupo de países nórdicos, integrado, entre outros pela Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca e Holanda. Nesses países, cujas religiões majoritárias são a luterana e a protestante, existe uma cultura igualitária que se empenha em democratizar todas as classes sociais”, afirma o funcionário sueco.

“Seus Estados usaram a educação para difundir esse conhecimento, o principio da igualdade dos sexos. Eles precisaram mais de 50 anos para trabalhar nesse sentido. Por isso, hoje em dia, vemos que as mulheres desses países estão presentes em praticamente todas as atividades econômicas. As mulheres não têm diferenças com os homens quando assumem postos de responsabilidade e a política também está cheio delas, com competência e projeção internacional”, explica Anders Johnson para a swissinfo.

Os dados recolhidos pela UIM refletem essas teorias. Na Suécia a presença feminina no parlamento é de 45,3% (158 parlamentares femininos num total de 349 nas eleições de 2002); na Dinamarca, de 38% (55 mulheres num universo de 150 em 2001); na Holanda, 36,7% (50 mulheres entre 150 parlamentares em 2003); na Finlândia, 36,5% (73 políticas entre 200 em 1999); na Noruega, 36,4% (60 mulheres entre 165 parlamentares em 2001).

A cultura latina

Por outro lado em países de cultura latina, como a França e a Itália, quase não existe a cultura da igualdade entre os sexos no mundo político e na economia, segundo a UIM. A esse grupo também pertencem países que sem serem latinos, nem anglo-saxões, tampouco introduzem uma política inequívoca de igualdade dos sexos na sua educação nacional. “Esse principio igualitário não se reflete na sua educação nacional. Por isso esses países ainda têm um grande caminho a percorrer”, sentencia Johnson.

As estatísticas da União Parlamentária Internacional (UIM) sinalam 12,2% de mulheres parlamentares na França (70 mulheres entre 574 parlamentares em 2001); nos Estados Unidos, 14,3% (62 mulheres entre 435 parlamentares em 2002) e a Itália, com 11,1% (71 mulheres entre 618 parlamentares em 2001).

Suíça entre os dois lados

A Suíça se localiza no meio dessas duas diferentes tendências. De acordo com o secretário geral da UIM, a política suíça vive esse “paradoxo” pois apenas 23% dos seus 246 parlamentares são mulheres (no total 46 senadores e 200 deputados), segundo os dados de 1999.

“Apesar da Suíça ter uma velha democracia, o conceito da integração da mulher ainda é fraco. Francamente, isso é decepcionante. Se não ocorrer uma mudança nesses costumes, é muito provável que sejam introduzidos sistemas de cotas. A Suíça já viveu muitos progressos, porém esses foram muito lentos”, recorda Johnson.

Ele lembra que 80% dos parlamentos no mundo dispõem de sistemas de cotas, que funcionam como um mecanismo político legítimo para elevar a participação política da mulher.

A UIM foi criada em 1889 e tem sua sede em Genebra. Atualmente a organização tem 144 membros integrais, ou seja, parlamentos nacionais.

swissinfo, Luis Vásquez, Genebra
traduzido por Alexander Thoele

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