
Comemoração na quarentena põe o presidente da Argentina sob pressão

Uma foto do presidente argentino, Alberto Fernández, durante a comemoração do aniversário da sua esposa, Fabiola Yáñez, em julho de 2020, quando a Argentina estava sob uma quarentena muito estrita, pôs sob pressão o presidente em plena campanha eleitoral para as legislativas de novembro.
Diante da saraivada de críticas de aliados e opositores provocadas pela publicação da foto, o presidente fez um mea culpa público:
“Dessa condição humana que temos aqueles que fazemos política, lamento o ocorrido e não voltará a ocorrer”, disse nesta sexta-feira (13) ao anunciar obras em Olavarría, na província de Buenos Aires.
Fernández afirmou que em 2020, durante a pandemia que exigiu restrições, mudou o centro operacional do governo para a residência oficial de Olivos, nos arredores de Buenos Aires, e que nesse contexto manteve “reuniões com centenas de pessoas”.
“Não tenho nada a esconder da minha vida pessoal. Nesse contexto, em 14 de julho, dia do aniversário da minha querida Fabiola, (ela) convocou uma reunião com seus amigos, que não devia ter sido realizada e lamento que tenha o ocorrido”, acrescentou.
O chefe de gabinete, Santiago Cafiero, também admitiu que a comemoração foi um erro.
“Também vale esclarecer que neste momento Olivos funcionava como o centro de operações da pandemia. Muita gente entrava e saía, havia reuniões com ministros, setores e especialistas epidemiológicos. E em uma ocasião houve um evento social que não deveria ter ocorrido”, disse Cafiero.
A foto divulgada mais de um ano depois mostra o presidente e a primeira-dama de pé, posando ao lado de uma dúzia de convidados ao redor de uma mesa, sem máscaras, nem distanciamento social.
Naquela ocasião, a Argentina seguia um confinamento que impedia reuniões sociais e inclusive as saídas recreativas ao ar livre, devido à pandemia de covid-19.
Alguns líderes da oposição declararam que vão tentar um julgamento político contra o presidente, embora não contem com maioria parlamentar para consegui-lo.
A Argentina deve celebrar em setembro eleições primárias para as legislativas de meio de mandato em 14 de novembro próximo.
O país de 45 milhões de habitantes acumula até agora mais de 5 milhões de casos de covid-19 e supera as 108.000 mortes. No fim de dezembro, iniciou uma campanha de imunização que até esta sexta-feira vacinou 26,5 milhões de pessoas com uma dose, das quais 9,6 milhões completaram o ciclo vacinal.