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Paralamas emocionam brasileiros e suíços

Brasileiros e suíços dançam durante o show dos pagodeiros do Grupo Revelação (foto: Montreux Jazz Festival). Copyright : Montreux Jazz Festival

Domingo só deu Brasil no Festival de Jazz de Montreux. O público presente dançou não só com os sucessos do Grupo Revelação, Paralamas do Sucesso, Luiz Melodia e Jorge Ben Jor.

Apesar da chuva, jovens suíços vibraram com o show ao ar livre da banda baiana Lampirônicos, que volta para Suíça em agosto.

Só se via verde e amarelo. Como ocorrem todos os anos, os brasileiros que vivem na Europa e os fãs da música brasileira compareceram em peso nos shows de domingo da trigésima oitava versão do Festival de Jazz de Montreux. A noite, intitulada “Samba from Rio”, trouxe vários grupos consagrados a essa pequena cidade à beira do lago Léman.

O Grupo Revelação abriu o espetáculo. Os sete pagodeiros, que no Brasil bateram recordes com a venda de mais de 700 mil cópias do penúltimo disco “Ao Vivo no Olimpo”, eram os mais esperados pelos brasileiros presentes, que cantavam de cor os sucessos dos sambistas.

O segundo grupo da noite, os Paralamas do Sucesso, eram aguardados com muita ansiedade. Depois que Herbert Vianna sofreu um acidente de ultraleve em 2001, que matou sua esposa e deixou graves seqüelas no cantor e guitarrista, muitos fãs se perguntavam se o grupo terminaria sua carreira.

Herbert Vianna está imobilizado numa cadeira de rodas. Desde a sua recuperação, o cantor faz fisioterapia. “Sua medula espinhal não foi danificada, por isso existe ainda uma esperança de que ela possa voltar a andar”, como explica um membro do staff.

Em entrevista à swissinfo, os três músicos do Paralamas, que pela quinta vez tocaram em Montreux, falam sobre a readaptação depois do acidente e os planos futuros do grupo. (ver áudios de entrevistas com Herbert Vianna e João Barone).

No palco, Herbert Vianna mostrou que a cadeira de rodas não o impede de tocar seus acordes com a mesma intensidade do passado. Sucessos como “Alagados” e “Uns dias”, todos incluídos no último CD do grupo, o duplo “Uns dias – ao vivo”, levaram os brasileiros e suíços ao delírio.

Baianos na Chuva

Distante do palco principal de Montreux no auditório Stravinski e da atenção dos jornalistas, uma desconhecida banda brasileira iniciava seu show ao ar livre em meio a uma chuva torrencial.

O público já havia desaparecido frente ao “Under the sky”, um palco armado pelos organizadores do festival para concertos gratuitos. Porém o decepcionante verão suíço não desanimou os baianos dos Lampirônicos, uma nova banda brasileira, muito falada no circuito alternativo.

Suas músicas misturam elementos do tecno, punk e música popular brasileira. Seus próprios componentes a denominam “baião eletrônico”. No palco, além da formação tradicional guitarra-baixo-bateria-vocal, o som do grupo é arredondado pela zabumba, um instrumento tão típico no nordeste.

Tendo lançado o segundo CD e com cinco anos de existência, o grupo agora parte para o exterior. “Estamos chegando de um show em Londres para tocar em Montreux. Depois voltamos ao Brasil, onde apresentamos em Juazeiro e em Salvador, para depois retornar à Europa, onde iremos nos apresentar em Zurique”, conta o empresário Fabio Almeida, que também é responsável pela cantora baiana Ivete Sagalo.

No meio da chuva, jovens suíços dançaram até o final do show e aplaudiram com entusiamos a mistura moderna de ritmo dos baianos, tão diferente do que é feito na terra do Axé. Em 28 de agosto o grupo retorna à Suíça para mais uma apresentação.

Maratona musical de Jorge Bem Jor

Depois de Luiz Melodia, a noite brasileira em Montreux foi encerrada pela apresentação de Jorge Ben Jor.

Se muitos amantes da música brasileira se perguntam como é possível manter uma carreira apenas com músicas que foram sucesso nos anos 70, outros não tem dúvida de que o guitarrista carioca é uma das melhores presenças de palco da MPB.

Seu show bateu recordes de duração em Montreux, para desespero dos organizadores do festival. Por mais de três horas, Jorge Ben Jor tocou sem parar, passando de uma música para outra sem pausas e fazendo o público dançar até o chão tremer com os sucessos conhecidos como “A banda do Zé Pretinho”, “País tropical” e “Fio maravilha”.

No final do espetáculo, o cantor carioca convidou os componentes das bandas brasileiras da noite e organizou a eleição da “miss simpatia”, que foi uma das dezenas de mulheres brasileiras escolhidas no público pelos percursionistas e pelo próprio cantor. A noite brasileira terminou às três horas e meia da manhã. Nunca o palco em Montreux esteve tão cheio quanto nesse domingo.

swissinfo, Alexander Thoele

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