Declaração de Macron sobre acordo UE-Mercosul causa indignação na França
Representantes de diferentes setores políticos franceses reiteraram, nesta sexta-feira (7), sua rejeição ao acordo entre União Europeia e Mercosul, e criticaram as declarações do presidente Emmanuel Macron, que na véspera disse se sentir “mais otimista” sobre a possibilidade de aceitá-lo.
“Estou mais otimista, mas me mantenho vigilante porque também defendo os interesses da França”, declarou Macron a jornalistas na quinta-feira, à margem da cúpula de chefes de Estado que precede a COP30 em Belém do Pará.
Os agricultores e pecuaristas franceses temem que seu mercado seja inundado com carne, açúcar e arroz provenientes de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, no âmbito do acordo entre União Europeia e Mercosul.
Bruxelas espera obter o aval dos Estados-membros antes do final de dezembro, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupa a presidência rotativa do Mercosul.
“Este acordo, finalizado na opacidade e que atenta diretamente contra os interesses da agricultura francesa, deve ser rejeitado”, declarou Marine Le Pen, líder do partido ultradireitista Reagrupamento Nacional (RN), no X.
“Depois da indústria, agora é nossa agricultura que [o chefe de Estado] aceita vender a preço baixo”, criticou na mesma rede social o presidente do partido Os Republicanos (direita), Bruno Retailleau.
“Um presidente tão desacreditado deveria se calar e deixar que o Parlamento decida!”, ironizou, por sua vez, o secretário nacional do Partido Comunista Francês (PCF), Fabien Roussel.
Macron “está assinando a sentença de morte da agricultura francesa”, lamentou a eurodeputada de A França Insubmissa (esquerda radical), Manon Aubry, criticando a “virada inédita e escandalosa” do chefe de Estado, que “dizia que se oporia a este acordo de livre comércio”.
Em sua visita ao México nesta sexta-feira, Macron reagiu às críticas e disse que a França mantém “vigilância” sobre o acordo.
A França espera “respostas claras” sobre o pacto, insistiu ele durante entrevista coletiva com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.
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