
Descoberta nova espécie de anaconda amazônica, a maior cobra do mundo
(Reuters) – Pesquisadores da Amazônia descobriram a maior espécie de cobra do mundo – uma enorme anaconda verde – na floresta tropical no Equador, que se separou de seus parentes mais próximos há 10 milhões de anos, embora ainda pareçam quase idênticos até hoje.
Um vídeo compartilhado online mostra a extensão desses répteis de 6,1 metros de comprimento, enquanto um dos pesquisadores, o biólogo holandês Freek Vonk, nada ao lado de espécime gigante de 200 quilos.
Acreditava-se que havia apenas uma espécie de anaconda verde na natureza, a Eunectes murinus, mas a revista científica Diversity revelou em fevereiro que a nova “anaconda verde do norte” pertence a uma espécie nova e diferente, a Eunectes akiyama.
“O que queríamos era usar as anacondas como uma espécie indicadora do tipo de dano causado pelos derramamentos de petróleo que assolam Yasuni, no Equador, porque a extração de petróleo está absolutamente fora de controle”, disse o pesquisador Bryan G. Fry.
Fry – um professor australiano de biologia da Universidade de Queensland que há quase 20 anos investiga espécies de anaconda encontradas na América do Sul – disse à Reuters que a descoberta permite mostrar que as duas espécies se separaram uma da outra há quase 10 milhões de anos.
“Mas a parte realmente surpreendente é que, apesar dessa diferença genética e do longo período de divergência, os dois animais são completamente idênticos”, afirmou ele.
Embora as cobras anacondas verdes sejam muito semelhantes visualmente, há uma diferença genética de 5,5%, o que surpreendeu os cientistas.
“É uma quantidade incrível de diferença genética, especialmente quando você a coloca no contexto de que somos apenas 2% diferentes dos chimpanzés”, disse Fry.
As anacondas são fontes de informação incrivelmente úteis para a saúde ecológica da região e para os possíveis impactos sobre a saúde humana dos vazamentos de petróleo, segundo Fry.
Algumas das cobras que eles estudaram em partes do Equador foram altamente poluídas por derramamentos de petróleo, e as anacondas e o peixe arapaima estão acumulando uma grande quantidade de metais petroquímicos, acrescentou.
“Isso significa que se o peixe arapaima estiver acumulando esses metais de derramamento de petróleo, ele precisa ser evitado por mulheres grávidas, assim como as mulheres evitam o salmão e o atum em outras partes do mundo por medo do metilmercúrio”, disse ele.
(Reportagem de Anna Portella em São Paulo)