
Trump chega à Escócia para uma visita que combinará diplomacia e golfe

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou nesta sexta-feira (25) à Escócia para uma visita que combinará diplomacia e negociações comerciais com sua grande paixão, o golfe, e que será marcada por um enorme esquema de segurança diante de vários protestos previstos.
Após sua chegada ao aeroporto de Prestwick, próximo a Glasgow, pouco antes das 20h30 locais (16h30 de Brasília), o magnata republicano seguiu para Turnberry, um dos dois campos de golfe na Escócia que pertencem à empresa da família, administrada por seus filhos.
A agenda oficial do presidente americano está vazia no sábado, mas no domingo ele se reunirá com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que espera alcançar um acordo sobre tarifas comerciais.
Ao chegar ao Reino Unido, o presidente americano disse à imprensa que as chances de um acordo eram “de 50%”, com pontos conflitantes ainda por resolver em “talvez 20 questões diferentes”.
Trump também tem previsto se afastar em algum momento dos campos de golfe para se reunir com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, embora ainda não haja detalhes sobre o encontro.
O líder trabalhista, que não é conhecido por ser um entusiasta do golfe, está mais interessado em discutir outros temas, como política comercial.
Estados Unidos e Reino Unido anunciaram um acordo comercial em maio, com o qual Starmer conseguiu evitar as tarifas exorbitantes que Trump havia ameaçado impor, mas Londres está preocupada com a intenção já manifestada pelo republicano de fazer “ajustes”.
Trump afirmou na Escócia que a reunião com Starmer seria “mais uma celebração do que uma sessão de trabalho”. “O acordo está fechado”, insistiu.
No entanto, antes de deixar Washington, o imprevisível presidente não parecia disposto a ceder ao pedido do Reino Unido por tarifas reduzidas sobre aço e alumínio. Até agora, Londres tem estado isenta dos 50% de tarifas aplicadas às importações nos Estados Unidos.
“Se eu fizer isso por um, terei que fazer por todos”, afirmou antes de embarcar no avião.
A indignação com a guerra em Gaza também surge como um tema na agenda, num momento em que Starmer está sob pressão após o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciar que reconhecerá o Estado palestino.
– Descontentamento –
Trump, de 79 anos, tem previsto retornar ao Reino Unido em setembro para uma segunda visita de Estado — a primeira ocorreu em 2019 — por convite do rei Charles III, que promete ser uma ocasião pomposa.
Essa viagem à Escócia também estabelece uma distância física entre Trump e os recentes desdobramentos do polêmico caso Jeffrey Epstein, um rico financista encontrado morto em sua cela em 2019, antes de ser julgado por crimes sexuais.
Essa antiga figura da elite de Nova York mantinha uma relação de amizade com Trump, mas agora o presidente enfrenta críticas de seus próprios apoiadores, que exigem acesso aos dossiês do caso Epstein.
Muitos de seus seguidores defendem uma teoria conspiratória segundo a qual a morte de Epstein foi provocada pelo chamado “Estado profundo” para proteger figuras proeminentes de todos os setores — sobretudo do Partido Democrata e de Hollywood — que estariam ligadas à rede sexual.
Trump negou, ao chegar à Escócia, ter sido informado alguma vez de que seu nome aparecia nos arquivos relacionados a Epstein.
“Não, nunca, nunca fui informado, não”, afirmou, após o Wall Street Journal ter noticiado que a procuradora-geral o teria comunicado, em maio, que seu nome aparecia diversas vezes.
Esse jornal, que publicou um artigo detalhando os vínculos de longa data entre Trump e Epstein, foi excluído pela Casa Branca da cobertura da viagem à Escócia e processado por Trump na Justiça.
– Protestos –
O primeiro-ministro da Escócia, John Swinney, afirmou que este território “compartilha uma forte amizade com os Estados Unidos que remonta a séculos”.
Swinney anunciou que se reunirá com Trump e que a viagem do presidente americano é uma oportunidade para que a Escócia “faça sua voz ser ouvida sobre questões importantes, como guerra e paz, justiça e democracia”.
Durante uma visita anterior em 2023, o republicano afirmou que se sente em casa na Escócia, onde sua mãe Mary Anne MacLeod cresceu antes de emigrar aos Estados Unidos aos 18 anos.
Essa declaração de afeto não impedirá a realização de protestos no sábado contra sua visita em Edimburgo e Aberdeen.
Residentes, ambientalistas e autoridades locais também expressaram seu descontentamento pela construção de um campo de golfe pelos filhos de Trump em Balmedie, uma pequena cidade ao norte de Aberdeen.
Este é apenas um dos múltiplos projetos da holding familiar em todo o mundo, sobre os quais Trump já não tem controle legal.
No entanto, seus opositores acusam o magnata de conflitos de interesse e de usar sua posição de influência como presidente dos Estados Unidos para promover investimentos privados de sua família, especialmente no exterior.
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