
FMI aumenta para 3% sua previsão de crescimento global para 2025, apesar das tarifas

A economia mundial crescerá 3% este ano, em vez dos 2,8% previstos em abril, uma boa notícia em meio ao tarifaço de Donald Trump, prevê o Fundo Monetário Internacional (FMI) em suas projeções atualizadas publicadas nesta terça-feira (29).
“A incerteza permanece alta”, apesar da pausa nas tarifas mais altas planejadas pelos Estados Unidos para seus parceiros comerciais, que expira em 1º de agosto, afirma o FMI.
Desde abril, Washington firmou acordos com Reino Unido, Japão, Vietnã, Indonésia, Filipinas e União Europeia. Mas muitos de seus parceiros comerciais correm contra o tempo até sexta-feira para evitar os aumentos das tarifas, que são de 50% para o Brasil e 30% para o México.
Na última atualização de seu relatório anual, o FMI, com sede em Washington, estima que a economia mundial crescerá 3%, ou seja, 0,2 ponto percentual (pp) a mais em relação às previsões de abril, mas abaixo do crescimento observado em 2024 (3,3%).
“O impacto tarifário não é tão grave como projetávamos no início de abril”, disse à AFP o economista-chefe da instituição, Pierre-Olivier Gourinchas.
Às “boas notícias” o especialista acrescenta que “a inflação está mais ou menos conforme o previsto”, com uma média global de 4,2% para este ano e 3,6% para 2026.
A resistência econômica se dá por vários fatores. Além das pausas tarifárias e de alguns acordos comerciais com Washington, Gourinchas destaca a desvalorização do dólar e um “pequeno estímulo fiscal” em alguns países como os Estados Unidos.
– Faca de dois gumes –
O acúmulo de reservas pelas empresas mediante um aumento nos impostos também é uma faca de dois gumes.
“Se os estoques forem abastecidos agora, não será necessário reabastecê-los mais tarde”, de modo que “prevemos uma redução na atividade comercial no segundo semestre e em 2026”, explicou Gourinchas.
As diferenças entre países são evidentes.
Os EUA crescerão 1,9% (+0,1 pp), ou seja, bem menos do que em 2024 (+2,8%), visto que a inflação começa a “dar sinais de que leva em conta as tarifas”, estimou Gourinchas.
O FMI antecipa que a zona do euro progredirá 1% (+0,2) este ano.
As previsões para França (+0,6%) e Espanha (+2,5%) se mantêm, e a da Alemanha sobe apenas 0,1 pp, o suficiente para que a Europa evite uma recessão (+0,1%).
Por outro lado, a previsão para a China melhora consideravelmente para 4,8% (+0,8 pp), aproximando-se do percentual de 2024 (5%). Isto se deve a vários fatores, como o acúmulo de produtos chineses, sobretudo nos Estados Unidos, segundo o economista.
Apesar disso, o país asiático luta com uma demanda interna fraca, uma confiança do consumidor debilitada e um setor imobiliário em crise.
– O caso do Brasil –
Na América Latina e no Caribe, o crescimento econômico é estimado em 2,2% para 2025, ou seja, 0,2 pp a mais que o antecipado em abril. Valor menor do que os 2,4% do ano anterior.
O FMI também previu melhorias na economia brasileira, que se expandirá 2,3% (+0,3 pp), apesar de a maior economia da América Latina fazer parte dos países que “terão grandes déficits fiscais em um contexto de níveis historicamente altos de dívida pública”.
A organização está bastante otimista em relação ao México. Em abril, considerou que sua economia se contrairia em 0,3% este ano, mas agora prevê um crescimento de 0,2% (+0,5 pp).
Quanto ao impacto das tarifas adicionais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Brasil e México, Gourinchas é cauteloso.
O economista-chefe do FMI reconheceu em uma coletiva de imprensa que as taxações “levariam a uma desaceleração mais pronunciada da atividade”, mas com nuances.
“Cerca de 11% das exportações brasileiras vão para os Estados Unidos”, mas alguns produtos, como o aço e o alumínio, “já estão sujeitos às tarifas de 50%”, declarou nesta terça-feira.
No caso do México, os produtos sob o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC) — que o país integra ao lado de EUA e Canadá —, ou seja, a maioria dos bens, estão temporariamente protegidos.
A Argentina, a terceira maior economia da região, permanece sem alterações: +5,5% este ano e 4,5% em 2026.
“A economia argentina está vivendo uma forte recuperação (…) sobre a base de um processo de desinflação muito forte”, com “uma inflação esperada, no final deste ano, de em torno de 18% a 23% ao ano”, afirmou Gourinchas.
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