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Geleiras suíças perderam um quarto de seu volume em dez anos

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As geleiras suíças, particularmente sensíveis à mudança climática, perderam um quarto de seu volume em apenas dez anos, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (1º) que alerta para a velocidade do fenômeno. 

Em 2025, a rede suíça que monitora as geleiras (Glamos) voltou a observar um “derretimento considerável”, semelhante ao do ano de 2022. 

O último inverno foi escasso em neve e as ondas de calor de junho e agosto também não ajudaram. 

As geleiras do país alpino perderam assim 3% de seu volume, segundo as medições realizadas em cerca de vinte montanhas de gelo, ampliadas para o conjunto das 1.400 formações deste tipo existentes na Suíça. 

Trata-se da quarta maior redução desde o início das medições, depois das registradas em 2022, 2023 e 2003. 

“Há cerca de vinte anos, todos as geleiras suíças estão perdendo gelo e o ritmo (…) está acelerando”, declarou à AFP Matthias Huss, diretor da Glamos. 

O especialista dá como exemplo a geleira do Ródano, uma das mais emblemáticas da Suíça, que visitou recentemente. “Ela perdeu 100 metros (de espessura) ou até mais nos últimos vinte anos, é impressionante!”, exclama. 

As geleiras suíças, que desempenham um papel importante no abastecimento de energia hidráulica e no fornecimento de água potável, perderam 24% de seu volume na década de 2015-2025. 

No período de 2010-2020, perderam 17%, na década de 2000-2010, 14%, e nos anos 90, 10%, segundo o relatório da Glamos.

– “Bastante triste” –

Também em Ródano, perto de Gletsch, dois turistas argentinos manifestam sua decepção. 

“Não sabíamos que a geleira estava aqui. Vimos a cascata de baixo, muito espetacular. E dissemos, deve haver uma geleira ali. Então viemos até aqui, caminhando, para vê-la. E a verdade é que é impressionante. Realmente é bastante triste que esteja derretendo tão rápido”, diz um deles, Wincho Ponte, de 29 anos. 

A Suíça é particularmente afetada pelo aquecimento global, que neste país é “duas vezes mais intenso do que a média mundial”, segundo seu órgão nacional de meteorologia. 

Mesmo se as emissões globais de CO2 mantiverem o nível atual, quase todas as suas geleiras, mais da metade do volume de gelo restante nos Alpes, terão derretido até o final do século, alerta Matthias Huss. 

Desde o início dos anos 1970, mais de 1.100 geleiras suíças desapareceram, lembra a rede Glamos. Na vizinha França, os cientistas alertam que, até o ano 2100, poderá não haver mais destas formações.

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