Grupos internacionais pedem ajuda para retorno de nicaraguenses retidos em fronteira
Organizações políticas e humanitárias pediram nesta quarta-feira (29) ajuda para que centenas de nicaraguenses, presos na fronteira com a Costa Rica devido às medidas restritivas contra a pandemia da COVID-19, possam voltar a seu país.
A Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos (ANPDH) pediu a entidades internacionais de migração e de direitos humanos que intervenham na “crise migratória” de mais de 500 pessoas impedidas de voltar para seu país natal.
Fugindo da falta de emprego na Costa Rica devido à pandemia, os nicaraguenses que tentam retornar a seu país são impedidos de cruzar a fronteira sem certificados que comprovem que não contraíram o vírus.
O governo nicaraguense do presidente Daniel Ortega se negou a bancar os exames necessários e testes na Costa Rica são caros demais para os migrantes.
Ativistas de direitos humanos afirmaram que os viajantes estão em “terra de ninguém”, acuados pela polícia nicaraguense contra muros, apenas protegidos do sol e da chuva por toldos de plástico, com um só banheiro para 500 pessoas, sem dormir e sem alimentos.
O presidente da ANPDH, Álvaro Leiva, denunciou em coletiva de imprensa que o governo de Ortega reforçou a vigilância na fronteira “com militares e paramilitares para criar o caos, a incerteza e o medo”.
Leiva pediu a intervenção do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) e da Comissão de Direitos Humanos da ONU para zelar pelas pessoas retidas na fronteira.
A Coalizão Nacional, bloco de oposição ao governo de Ortega formado por partidos políticos e pela sociedade civil, alertou em comunicado que há mais nicaraguenses na Guatemala, no Panamá e nas ilhas do Caribe atravessando os mesmos problemas para voltar ao país natal.
Diante da situação alarmante na fronteira de Peñas Blancas, a coalizão contactou um laboratório costarriquense para a realização de testes de detecção da COVID-19 nos viajantes.
As autoridades nicaraguenses registram 3.672 contaminações e 116 mortes por coronavírus no país desde março, embora organizações civis acreditem que os números estão subestimados.