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Hamas se diz disposto a libertar reféns e EUA pede fim dos bombardeios israelenses

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O Hamas afirmou nesta sexta-feira (3) que está disposto a libertar os reféns sob seu poder na Faixa de Gaza, no contexto da proposta de cessar-fogo do presidente americano, Donald Trump, que pediu a Israel que encerre seus bombardeios contra o território palestino.

O plano de Trump contempla um cessar-fogo, a libertação dos reféns israelenses em 72 horas, o desarmamento do Hamas e a retirada gradual do Exército israelense da Faixa de Gaza, após quase dois anos de conflito. 

Também insiste em que o grupo islamita palestino e outras facções “não tenham nenhum papel no governo” da Faixa de Gaza e na criação de uma autoridade de transição liderada pelo presidente americano.

“O movimento anuncia a sua aprovação para a libertação de todos os reféns — vivos e restos mortais — segundo a fórmula de intercâmbio incluída na proposta do presidente Trump”, assinalou o Hamas, que pediu “negociações” sobre os detalhes.

Embora a resposta do grupo pró-Irã não mencione o seu desarmamento, Trump disse acreditar que o Hamas está pronto para “uma paz duradoura”. “Israel deve interromper imediatamente o bombardeio da Faixa de Gaza, para que possamos libertar os reféns de forma segura e rápida”, publicou em sua rede social.

O porta-voz do Hamas, Taher al-Nounou, considerou a declaração de Trump “encorajadora”. “O Hamas está disposto a iniciar as negociações imediatamente”, disse à AFP.

Já Israel anunciou neste sábado (4, data local) que se prepara para uma libertação rápida dos reféns. “À luz da resposta do Hamas, Israel se prepara para a implementação imediata da primeira fase do plano de Trump para a libertação de todos os reféns”, indicou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

“Seguiremos trabalhando em plena cooperação com o presidente e sua equipe para pôr fim à guerra segundo os princípios estabelecidos por Israel, que coincidem com a visão do presidente Trump”, ressalta o comunicado.

O presidente americano havia dado ao Hamas um prazo até as 22h GMT (19h em Brasília) do próximo domingo para aceitar seu plano de paz. “Se este ACORDO FINAL não for alcançado, o INFERNO TOTAL, como ninguém jamais viu antes, será desencadeado contra o Hamas”, escreveu o mandatário em sua plataforma Truth Social.

Os principais mediadores — Catar e Egito — receberam com satisfação as declarações do Hamas, e esperam que elas ajudem a garantir o fim do conflito.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu “a todas as partes que aproveitem a oportunidade”, enquanto os líderes Emmanuel Macron, da França; Friedrich Merz, da Alemanha; e Keir Starmer, do Reino Unido, saudaram a resposta como um passo importante em direção à paz.

– ‘Locais de morte’ –

Uma fonte palestina próxima da cúpula do Hamas disse nesta semana à AFP que o grupo gostaria de “alterar algumas cláusulas, como o desarmamento e a expulsão dos dirigentes do Hamas”. Outra fonte com conhecimento das negociações indicou à AFP que havia uma divisão no Hamas sobre o plano de Trump e pontos a serem discutidos.

A Defesa Civil do território palestino, uma força de socorristas que atua sob a autoridade do governo do Hamas, relatou hoje bombardeios intensos de Israel contra Gaza, e afirmou que os ataques mataram 11 pessoas em todo o território palestino. O Exército de Israel não se pronunciou.

As restrições aos veículos de comunicação na Faixa de Gaza e a dificuldade de acesso a muitas áreas do território palestino impedem a AFP de verificar de forma independente os números divulgados por ambas as partes. 

O Exército israelense lançou no mês passado uma grande ofensiva aérea e terrestre para tomar o maior núcleo urbano de Gaza, o que obrigou centenas de milhares de pessoas a fugirem para o sul da Faixa. 

O porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, James Elder, declarou que não existe nenhum lugar seguro para os palestinos que receberam ordens de deixar Gaza, e que as zonas designadas por Israel no sul são “locais de morte”. 

– Flotilha detida –

Depois de quase dois anos de conflito — que começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra o sul de Israel — aumentam as manifestações em todo o mundo. Nos últimos dias, os protestos se concentraram na interceptação de uma flotilha de ajuda à Faixa de Gaza. 

A Global Sumud (“resiliência”, em árabe) partiu em setembro de Barcelona, com ativistas como Greta Thunberg, para levar ajuda ao território palestino, que, segundo a ONU, sofre uma fome severa. Seus organizadores anunciaram hoje que seu último barco havia sido interceptado, e Israel informou que deportou quatro integrantes italianos.

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