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Monges beneditinos recebem prêmio de suíços do estrangeiro

Gerold Neff e Urs Egli com o troféu. swissinfo.ch

Os monjes beneditinos do monastério de Engelberg, Urs Egli e Gerold Neff, são os ganhadores do Prêmio dos Suíços do Estrangeiro de 2007.

Eles foram recompensados pelo engajamento humanitário nos Camarões. O prêmio é dado pelo Partido Radical-Democrático Suíço desde 2001.

Urs Egli e Gerold Neff não têm apenas em comum a sua idade: aos 80 anos, os dois monges beneditinos fazem parte do monastério de Engelberg, mas há 52 anos trabalham como missionários no exterior.

Mesmo se eles vivem a 70 quilômetros de distância nos Camarões, o seu engajamento os aproxima.

Os dois octogenários também têm um ponto comum suplementar: eles receberam o Prêmio de Suíços do Estrangeiro de 2007. O troféu foi entregue na última sexta-feira (30 de março) em Winterthour.

A qualidade do seu engajamento para melhorar as condições de vida dos mais pobres foi saudada como “excepcional”.

“Graças aos projetos dos dois beneditinos, um número incalculável de pessoas encontraram trabalho”, explicou o júri.

Água é vida

“O projeto ‘Água é vida’ do padre Urs Egli permitiu o acesso de água para mais de 300 mil pessoas. O irmão Gerold Neff está engajado desde 1965 como capelão nas prisões superlotadas de Yaoundé», ainda explicou o júri.

Os dois premiados receberam seus diplomas diretamente das mãos do deputado Markus Hutter, que preside o Partido Radical-Democrático (PRD) Suíço Internacional.

“Esse prêmio me traz muita alegria, pois significa que o nosso trabalho humanitário nos Camarões é reconhecido na Suíça”, contou o padre Urs Nigli à swissinfo.

O irmão Gerold Neff ainda acrescenta feliz: “Eu nunca teria pensado que um dia receberia essa homenagem”.

A recompensa dá, entre outros, o direito à integração no “clube de promotores da causa dos suíços do estrangeiro”. Ela é acrescida também de um prêmio no valor de 10 mil francos.

Segundo Gerold Neff, uma parte do dinheiro vai ser utilizado na formação de aprendizes na marcenaria da missão de Otélé. Outra parte será destinada aos presos da penitenciária central de Yaoundé, onde ele trabalha como capelão.

No seu discurso, a presidente do Conselho Nacional (Câmara de Deputados na Suíça), Christine Egerszegi, agradeceu Urs Egli e Gerold Neff por “terem feito algo de tão bom”. A política declarou que espera ver os dois religiosos ganhando mais “discípulos” nos seus trabalhos.

Carta de visita

Segundo Christine Egerszegi, os suíços do estrangeiro são como uma carta de visita para o país. Seu engajamento marca a imagem que os estrangeiros têm da Suíça. “No final, nós também aproveitamos dessa imagem”, reforçou.

Foi a escritora Rosemarie Keller que pronunciou a entrega do prêmio. Ela conhece bem os dois religiosos através de várias visitas feitas no passado. O engajamento de várias facetas e a visão pragmática dos padres se tornaram até objeto de um livro de sua autoria: “Mil fontes, os beneditinos de Engelberg nos Camarões” (obra em alemão).

Segundo Rosemarie Kelle, “os padres Gerold Neff e Père Urs Egl têm o mais bonito título que alguém pode deseja: nas prisões de Youndé e nos vilarejos, as pessoas os saúdam como “meu pai”, declarou a escritora.

swissinfo, Renat Künzi

O objetivo do Prêmio de Suíços do Estrangeiro consiste em apoiar a ação de suíços no exterior e encorajar o seu reconhecimento.

O prêmio entregue pelo partido PRD Suíço Internacional tem por fim homenagear as personalidades ou instituições que se destacaram de maneira extraordinária em favor dos problemas dos suíços do exterior.

Essa homenagem cultural também pretende sensibilizar a população suíça para a chamada “5a Suíça”, a imagem da Suíça se exportando em larga escala através de suíços e suíças que vivem no exterior.

O prêmio é entregue por um júri de sete pessoas, onde dois membros são do Partido Radical.

Nascido em Lucerna, Urs Egli chegou em 1955 na missão católica de Otélé, nos Camarões. Ele reorganizou as escolas públicas, dirigiu a construção de estradas importantes para a região e participou na melhoria das condições das mulheres na sociedade.

Urs Egli também introduziu as plantações de palmeiras de pequena estatura. Razão: durante as colheitas, eram muito comuns as quedas mortais de trabalhadores das árvores.

Seu projeto mais importante é o programa “Água é vida”, no qual ele mantém mil fontes de água para as populações locais.

Marceneiro de profissão, o irmão Gerold Neff nasceu em Appenzell. Ele chegou em 1952 aos Camarões.

Chefe de marcenaria na missão de Otélé, ele dirigou a construção de hospitais, escolas, seminários, igrejas e do mosteiro do Monte Fébé, próximo a Yaoundé. Ela também continua ajudar na formação de jovens. No Monte Fébé, ele fundou uma escola profissional, reconhecida hoje em dia pelo Estado.

Gerold Neff também é, desde 1965, capelão na prisão central de Yaoundé, onde ele se ocupa dos prisioneiros que foram liberados. Ele também dá assistência espiritual aos que foram condenados à morte.

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