
Irã ameaça Israel com resposta ‘mais devastadora’

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, ameaçou Israel neste sábado (21) com uma resposta “ainda mais devastadora” para seus ataques e descartou a interrupção do programa nuclear de seu país, no nono dia de guerra entre os dois arqui-inimigos.
A Guarda Revolucionária do Irã anunciou cedo neste domingo (22, hora local de Teerã) que lançou um ataque com drones contra Israel, uma nova onda no décimo dia de guerra.
“Uma onda ampla de drones de ataque e camicazes se dirige há várias horas rumo a seus alvos estratégicos em todo o território” israelense, afirmou o porta-voz da Guarda Revolucionária, Ali Mohammad Naini, citado pela televisão estatal iraniana.
Israel atacou neste sábado a cidade de Shiraz, no sul do Irã, que abriga bases militares, ativando os sistemas de defesa aérea, segundo a mídia iraniana.
“As defesas aéreas de Shiraz foram acionadas em algumas áreas da cidade para lutar contra alvos hostis e aviões sionistas”, assinalou a agência de notícias Mehr.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu na sexta-feira que o Irã tem duas semanas no “máximo” para evitar possíveis bombardeios de Washington.
– ‘Mais devastadora’ –
“Nossa resposta à agressão contínua do regime sionista será ainda mais devastadora”, advertiu Pezeshkian durante uma conversa telefônica com o presidente francês Emmanuel Macron, segundo a agência oficial de notícias iraniana Irna.
Israel afirmou que a “campanha” militar contra o Irã será “longa” e seu chanceler, Gideon Saar, considerou que a guerra “adiou em pelo menos dois ou três anos” o desenvolvimento de uma bomba atômica pelo Irã.
Israel lançou em 13 de junho uma ampla campanha de ataques aéreos contra o Irã com o objetivo de evitar que seu arqui-inimigo adquira uma bomba atômica.
Os bombardeios israelenses atingiram centenas de instalações militares e nucleares na República Islâmica, e tiraram a vida de militares de alto escalão e cientistas envolvidos no programa nuclear.
O Irã nega que deseja adquirir armas atômicas e defende o seu direito a desenvolver um programa nuclear civil. “Não concordamos em reduzir as atividades nucleares para zero em nenhuma circunstância”, disse Pezeshkian.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o diplomata argentino Rafael Grossi, declarou perante o Conselho de Segurança da ONU que não há indícios de que o Irã esteja fabricando armamento nuclear.
Israel, por outro lado, não divulga informações sobre seu suposto arsenal atômico, mas o Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI) estima que o país do Oriente Médio dispõe de 90 ogivas nucleares.
– Três comandantes mortos –
Irã e Israel trocaram ataques mutuamente neste sábado, e várias explosões fora ouvidas durante a noite nas zonas central e norte de Teerã, segundo jornalistas da AFP.
O Exército israelense anunciou que eliminou três altos responsáveis da Guarda Revolucionária.
A AIEA confirmou que bombardeios israelenses atingiram uma fábrica de centrífugas — usadas para enriquecer urânio — nas instalações nucleares de Isfahan, no centro do Irã, mas sem consequências em “termos de radiação”.
o chefe da Organização Iraniana de Energia Atômica, Mohammad Eslami, afirmou hoje, em um comunicado oficial, que o reator de Arak, no centro do país, atacado na quinta-feira por Israel, estava dedicado às áreas de saúde e medicina.
“Os produtos da instalação de Arak são utilizados em setores de saúde e medicina. Vocês [Israel] atacam um centro ativo no campo da pesquisa sobre os radiomedicamentos”, disse.
Segundo o último balanço do Ministério da Saúde iraniano, divulgado neste sábado, mais de 400 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram feridas desde o início da guerra.
Os ataques de represália iranianos teriam deixado pelo menos 25 mortos em Israel, segundo autoridades desse país.
– Duas semanas –
O chanceler iraniano, Abbas Araghchi, após se reunir em Genebra na sexta-feira com seus pares alemão, francês e britânico, afirmou que seu país não retomará as negociações nucleares com os Estados Unidos até que os bombardeios israelenses cessem.
Embora não mantenham relações diplomáticas há quatro décadas, os Estados Unidos e o Irã realizaram desde abril várias rodadas de negociações sobre o programa nuclear de Teerã.
A ofensiva israelense interrompeu esses contatos e o presidente dos Estados Unidos considera agora realizar uma intervenção direta no conflito.
Trump declarou na sexta-feira que o Irã tem no “máximo” duas semanas para evitar possíveis ataques aéreos dos Estados Unidos.
Os rebeldes huthis do Iêmen, que concluíram em maio um acordo de cessar-fogo com Washington, ameaçaram hoje atacar navios americanos no Mar Vermelho em caso de intervenção dos Estados Unidos.
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