
Líderes europeus acompanharão Zelensky na Casa Branca na 2ª feira

Todos a Washington. Após a cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, que terminou sem anúncios concretos, os dirigentes europeus se uniram em torno do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, a quem acompanharão à Casa Branca na segunda-feira (18).
Essa decisão foi anunciada neste domingo, antes de uma videoconferência da “coalizão de voluntários”, da qual participaram a maioria dos principais países europeus, a UE, a Otan e países extracontinentais, como o Canadá, com o objetivo de examinar as linhas gerais de um possível acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia.
O encontro de segunda-feira na capital americana será inédita desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Estarão em Washington a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente francês, Emmanuel Macron, o chefe de governo alemão, Friedrich Merz, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, o presidente finlandês, Alexander Stubb, e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
O mandatário ucraniano elogiou essa “unidade” europeia e assinalou que desconhece “exatamente” o que conversaram Putin e Trump no Alasca.
“Gostaria que o presidente Trump nos desse, a mim e aos líderes europeus, muitos detalhes”, acrescentou.
O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, assegurou que no Alasca a Rússia fez “algumas concessões” territoriais em relação a cinco regiões ucranianas-chave na guerra.
“Grandes avanços com a Rússia! Fiquem atentos!”, publicou Trump neste domingo em sua rede social Truth Social.
O secretário de Estado, Marco Rubio, ameaçou a Rússia com novas sanções caso não se chegue a um acordo sobre a Ucrânia.
Após a reunião de domingo dos aliados de Kiev, Macron afirmou que Putin “não quer a paz”, mas sim a “capitulação” da Ucrânia.
Uma declaração classificada como “mentira abjeta” pela porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, no Telegram.
Quanto à reunião de segunda-feira em Washington, “nossa vontade é apresentar uma frente unida entre europeus e ucranianos” e perguntar aos americanos “até que ponto” estão dispostos a contribuir para as garantias de segurança oferecidas à Ucrânia em um possível acordo de paz, explicou o presidente francês.
De volta do Alasca, Trump mencionou uma garantia de segurança para Kiev semelhante ao Artigo 5 da Otan, ainda que fora do marco da Aliança Atlântica, que Moscou considera uma ameaça existencial para suas fronteiras.
Segundo Giorgia Meloni, o objetivo seria definir “uma cláusula de segurança coletiva que permita à Ucrânia obter o apoio de todos os seus parceiros, incluindo os Estados Unidos, prontos para agir em caso de um novo ataque”.
Zelensky qualificou como “histórica” a decisão americana de oferecer ao seu país garantias de segurança. Estas, disse, “devem ser verdadeiramente práticas, proporcionar proteção em terra, ar e mar, e se desenvolver com a participação da Europa”.
– Não há cessar-fogo à vista –
Zelensky e seus aliados europeus favoreciam um cessar-fogo preliminar, mas Trump afirmou preferir um acordo de paz integral, embora tenha se mantido muito evasivo sobre o conteúdo.
O mandatário republicano também apoia uma proposta da Rússia para reforçar sua presença no leste da Ucrânia, disse à AFP um funcionário a par das conversas telefônicas mantidas no sábado entre Trump e os líderes europeus.
Segundo essa fonte, que pediu anonimato, o presidente russo está “exigindo, na prática, que a Ucrânia abandone o Donbass” e, portanto, ceda completamente esse território, no leste da Ucrânia.
A Rússia propõe congelar a linha de frente nas regiões de Donetsk, Kherson, Lugansk e Zaporizhzhia (sul).
Poucos meses após lançar sua invasão da Ucrânia, a Rússia proclamou a anexação dessas quatro regiões ucranianas, apesar de suas tropas ainda não controlarem completamente nenhuma delas.
Até agora, Zelensky tem rejeitado qualquer concessão territorial.
– Cúpula tripartite –
Trump também mencionou a possibilidade de uma cúpula tripartite com Putin e Zelensky se “tudo correr bem” quando receber o presidente ucraniano, a quem seis meses atrás humilhou no Salão Oval da Casa Branca diante das câmeras de televisão de todo o mundo.
No entanto, o presidente ucraniano expressou seu pessimismo: “Neste momento, a Rússia não deu nenhum indício de que a cúpula tripartite vá se realizar”, disse.
Três anos e meio depois do conflito mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, o exército russo ocupa aproximadamente 20% do território ucraniano, incluindo quase toda a região de Lugansk e grande parte da vizinha Donetsk, onde seu avanço se acelerou.
No campo de batalha, as hostilidades continuam, com ataques fatais mútuos com drones.
Nas primeiras horas desta segunda-feira (noite de domingo em Brasília), as autoridades ucranianas registaram 13 feridos em ataques russos contra as regiões de Kharkiv, no leste, e Sumy, no nordeste.
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