Luas de Plutão trazem mistérios que ainda não conseguiram ser explicados

As luas que orbitam em torno do planeta anão Plutão no nosso sistema solar podem se comportar como “adolescentes teimosas” com movimentos caóticos – de acordo com pesquisadores que analisaram imagens do telescópio Hubble.
Ao longo dos últimos dez anos, o Hubble descobriu quatro luas minúsculas – Styx, Nix, Kerberos e Hydra – em órbita ao redor de Plutão e Caronte.
Plutão e Caronte formam um sistema binário de planetas: dois corpos, semelhantes em tamanho, orbitando em torno de seu centro de gravidade comum. As quatro pequenas luas estão orbitando ao redor da dupla Plutão-Caronte.
Com o apoio de fotografias, os pesquisadores analisaram o brilho destes pequenos planetas. “Nix e Hydra parecem ter uma superfície brilhante como Caronte, enquanto Kerberos é muito mais escura, levantando questões sobre a forma como o sistema plutoniano foi formado”, observa o estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature.
“Supunha-se que, no passado distante, um meteorito tenha batido em Plutão e suas luas se formaram a partir da nuvem de detritos (como o sistema Terra-Lua)”, explicou à AFP Mark Showalter, do Instituto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) na Califórnia e co-autor do estudo.
“Nós esperávamos que luas fossem iguais. Agora sabemos que não é o caso”, disse o cientista.
“A formação do sistema de Plutão continua sendo um mistério, mas nós conseguimos fazer algumas descobertas a caminho de mais esclarecimentos”, resumiu Mark Showalter. “Nós somos um pouco como arqueólogos que acabam de escavar alguns pedaços de cerâmica antigos, mas que não sabem como juntá-los”, explica o pesquisador.
Os resultados sugerem igualmente que as órbitas de três luas – Styx, Nix e Hydra – estão presas umas as outras.
O fenômeno lembra o sistema que liga as luas Io, Europa e Ganimedes a Júpiter. Io realiza quatro revoluções ao redor de Júpiter enquanto que Europa faz duas e Ganimedes uma só.
O estudo mostra que a estes movimentos orbitais surpreendentemente previsíveis e estáveis, estão somados outros movimentos de rotação de luas mais aleatórias, por vezes até caóticas. “As luas de Plutão são como adolescentes teimosos que se recusam a seguir as regras”, brinca Douglas Hamilton da Universidade de Maryland, co-autor do estudo.
Mesmo que os novos dados não permitam desvendar o mistério da criação de Plutão e suas luas, pelo menos agora “qualquer pessoa que apresentar com uma nova explicação deverá levar em conta estas observações”, conclui Mark Showalter.