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Lula e Xi Jinping chegam a Moscou para comemorações da vitória em 1945

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe de Estado chinês, Xi Jinping, chegaram a Moscou, nesta quarta-feira (7), para o 80º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, e vão aproveitar a visita — assim como o venezuelano, Nicolás Maduro, e o cubano, Miguel Díaz-Canel — para se reunir com o anfitrião, Vladimir Putin.

A Praça Vermelha de Moscou será o cenário de uma grande parada militar na sexta-feira, da qual vão participar cerca de 30 dirigentes.

Putin se reuniu nesta quarta com Maduro, com quem assinou um “tratado de associação estratégica” por dez anos. Mais tarde, falou com Díaz-Canel, que reafirmou que a “unidade” da ilha com a Rússia permitirá que eles enfrentem os desafios atuais e futuros.

Na sexta-feira, o encontro com Lula será uma “oportunidade para uma conversa” sobre a Ucrânia, após as tentativas infrutíferas do presidente brasileiro para impulsionar um plano alternativo de paz em conjunto com a China, segundo diplomatas brasileiros.

O presidente chinês também vai abordar o conflito na Ucrânia e as relações com os Estados Unidos na quinta-feira, em outra reunião bilateral com Putin.

A reunião ocorre em um momento de aparente estagnação nos esforços para pôr fim às hostilidades na Ucrânia e em plena guerra comercial entre Washington e Pequim.

O chefe do Kremlin rejeitou uma trégua de 30 dias proposta por Kiev e anunciou em seu lugar um cessar-fogo unilateral de quinta a sábado, descartado pela Ucrânia.

O assessor diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, informou a jornalistas que Xi e Putin vão adotar duas declarações conjuntas, uma sobre as relações bilaterais e outra sobre a “estabilidade estratégica mundial”.

Antes do encontro, Xi pediu para “rejeitar qualquer tentativa de perturbar ou minar a amizade e a confiança mútua” entre os dois países, segundo a agência oficial Xinhua, que citou um artigo do dirigente chinês, publicado em um jornal russo nesta quarta.

“Com a determinação e a resiliência da cooperação estratégica sino-russa, temos que trabalhar juntos para promover um mundo multipolar e construir uma comunidade de destino para a humanidade”, enfatizou Xi.

As declarações destacam a aliança das duas potências diante dos países do Ocidente e da guerra comercial lançada pelo governo Trump, com sobretaxas direcionadas à China.

– Proximidade crescente –

Mais de uma centena de soldados chineses vão participar do desfile na sexta-feira, apesar de a Ucrânia ter advertido que verá qualquer participação estrangeira como “um apoio ao Estado agressor” russo.

A Segunda Guerra Mundial, que a Rússia chama de “Grande Guerra Patriótica”, teve um impacto devastador sobre a antiga União Soviética, onde morreram mais de 20 milhões de pessoas.

Putin transformou o dia 9 de maio no principal feriado russo e apresentou seu Exército como um grande combatente contra o fascismo, traçando paralelos entre a ofensiva contra a Ucrânia e a luta contra os nazistas.

A China, por sua vez, diz ser um ator neutro no conflito que se arrasta há três anos, embora os países ocidentais indiquem que sua proximidade com a Rússia forneceu apoio econômico e diplomático crucial para Moscou. 

Em abril, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky acusou a China de fornecer armas à Rússia e afirmou que Pequim sabia de pelo menos 155 chineses lutando ao lado das forças russas. 

Pequim negou que seus cidadãos estivessem sendo recrutados maciçamente pela Rússia e pediu aos chineses que não se envolvam no conflito. Também rejeitou a versão de que fornece armas para qualquer lado do conflito. 

No entanto, China e Rússia fortaleceram seus laços na última década. Pequim se tornou o principal parceiro comercial de Moscou, que enfrenta sanções ocidentais. 

Já a Rússia é o quinto maior parceiro comercial da China, que depende muito de seu gás natural e petróleo. 

Depois que a Rússia lançou sua ofensiva na Ucrânia, as empresas chinesas rapidamente preencheram o vácuo deixado pelo êxodo de empresas ocidentais, especialmente no setor automotivo. 

Os dois países converteram quase todas as suas transações comerciais para moedas locais, com 95% de seus pagamentos feitos em rublos e iuanes.

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