
Novartis pesquisa doenças tropicais em Cingapura

Na presença do ministro suíço do Interior Pascal Couchepin, multinacional farmacêutica inaugura em Cingapura um novo instituto de pesquisa para doenças tropicais.
Sem fins lucrativos, o centro servirá para desenvolver novos medicamentos contra a dengue e a tuberculose.
Georges Yeoh, ministro de Comércio de Cingapura, participou da cerimônia de inauguração do instituto de pesquisas, batizado “Novartis Institute for Tropical Diseases (NITD). Além da multinacional suíça, o governo desse país asiático também contribui financeiramente para a realização da iniciativa.
O orçamento do instituto será de 200 milhões de francos suíços para os próximos oito anos. No total, 70 pesquisadores e 30 estagiários irão consagrar seu tempo na descoberta e desenvolvimento de curas para doenças que afetam os países mais pobres.
Vontade de contribuir para o bem-estar
“Com a criação do instituto, a Novartis pretende ajudar as populações mais pobres do globo”, afirmou Daniel Vasella, presidente da multinacional suíça.
Essa iniciativa não ocorre sem uma justificativa. Nos últimos anos cresce a crítica feita por entidades independentes, que não cessam de lembrar a pouca atuação das companhias farmacêuticas no combate das doenças comuns nos países em desenvolvimento. “Posso incluir também a Novartis nesse grupo”, explicou Vasella durante o evento.
Afinal, o mercado para remédios contra doenças tropicais é considerado pouco lucrativo. Assim, a multinacional considera que o investimento em pesquisas nessa direção contribui mais a solucionar o problema, do que a doação simples de recursos às populações atingidas, como lembra Paul Herrling, chefe de pesquisa da Novartis.
“Não podemos considerar uma boa idéia ignorar as doenças tropicais, já que algumas delas podem até se transformar em epidemia mundial, como foi o caso da pneumonia atípica, ou seja, gripe asiática”.
Segundo o pesquisador, o instituto de pesquisas recém-inaugurado em Cingapura serve como um exemplo para outras empresas, pois irá também ajudar na formação de jovens cientistas nos países afetados por doenças tropicais.
O ministro do Interior Pascal Couchepin elogiou o engajamento da Novartis. “O mundo industrializado deve contribuir ao combate dessas doenças”.
Dengue e tuberculose em progressão
Em muitos países em desenvolvimento observa-se a progressão de novas formas de dengue e, ao mesmo tempo, de tuberculose resistente a medicamentos. Mais de 50 milhões de pessoas são infectadas no mundo pela dengue, uma doença que pode ter conseqüências fatais, sobretudo para crianças.
Ao mesmo tempo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de dois milhões de pessoas morrem anualmente de tuberculose. Essa doença é considerada uma epidemia em vários países pobres do globo.
A tuberculoses afeta normalmente pacientes cujo sistema imunológico está enfraquecido por infecções como o HIV. Inclusive na Ásia central e na Europa do leste foram detectados casos de agentes patogênicos resistentes a antibióticos.
No caso do novo instituto em Cingapura, o objetivo principal é desenvolver até 2008 dois novos medicamentos, que até então estavam em fases de testes clínicos. Os produtos devem estar prontos para o mercado até 2013.
O centro de pesquisas em Singapura será dirigido pelo pesquisador da Novartis Alex Matter, que se tornou conhecido após o desenvolvimento do medicamento contra a leucemia Glivec. Os setenta colaboradores são originários de 14 diferentes países, sendo que 25 vêm de Cingapura.
Cingapura: uma escolha estratégica
A escolha de Cingapura para sediar o novo instituto deve-se a sua proximidade de várias zonas afetadas pela dengue, como explica o chefe de pesquisas Paul Herrling. Outra razão é o fato da cidade asiática também oferecer condições irresistíveis para multinacionais interessadas em deslocar parte dos seus centros de pesquisa. Nesse sentido, Cingapura investiu 1,73 bilhões de dólares na criação de um considerável parque científico consagrado à biotecnologia.
As patentes dos medicamentos que serão desenvolvidos no novo centro não devem, porém deixar de pertencer a Novartis. “Trata-se de uma medida defensiva, para impedir que outras empresas se apropriem dessa tecnologia indevidamente”, ressalta Paul Herrling.
Caso a multinacional consiga comercializar com lucro esses novos produtos, as receitas serão investidas no centro de pesquisas.
swissinfo com agências

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