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Líbia solta executivos suíços presos há dez dias

Processo contra Hannibal Kadafi na Suíça continua em setembro. Keystone Archive

Os dois executivos suíços, que se encontravam presos na Líbia desde o dia 19 de julho, foram libertados mediante pagamento de fiança, mas são obrigados a permanecer no país.

A Argélia, o Egito e a França ajudaram a conter uma escalada do conflito. O juiz Michel-Alexandre Graber, de Genebra, quer continuar o processo judicial contra Hannibal Kadafi (filho mais novo do presidente líbio), cuja prisão desencadeou a crise.

O dois executivos suíços, que se encontravam presos na Líbia desde o dia 19 de julho, foram libertados mediante pagamento de fiança, mas são obrigados a permanecer no país.

O juiz Michel-Alexandre Graber, de Genebra, que desencadeou a crise entre a Líbia e a Suíça, pretende dar continuidade ao inquérito contra Hannibal Kadafi, filho mais novo do presidente líbio.

Na tarde desta terça-feira (29/07), nada indicava uma solução rápida da crise entre Berna e Trípoli. À noite, surpreendentemente o Ministério suíço das Relações Exteriores (DFAE) informou num breve comunicado a libertação dos dois suíços presos há dez dias na Líbia.

O juiz responsável pelo caso teria decidido soltar os dois executivos mediante pagamento de fiança. Segundo o DFAE, eles se encontram na embaixada da Suíça em Trípoli.

Os governos da Suíça e da Líbia dão continuidade aos seus esforços diplomáticos para acabar com as tensões nas relações bilaterais, informa o comunicado.

Segundo o DFAE, os empregadores suíços pagaram uma caução de 9.000 mil francos por pessoas pela libertação. Um dos dois suíços que haviam sido presos é executivo do conglomerado tecnológico ABB; o empregador do outro não é conhecido.

Argélia, Egito e França intervêm

Segundo informações obtidas pela swissinfo junto a fontes diplomáticas, a Argélia, o Egito e a França desempenharam um papel importante para apaziguamento entre a Suíça a Líbia.

As mesmas fontes acrescentaram que os presidentes Abdelaziz Bouteflika, da Argélia, e Nicolas Sarkozy, da França, telefonaram ao dirigente líbio Muammar Kadafi para incitá-lo a evitar uma escalada da crise e a procurar uma solução política para a crise.

Por outro lado, as mesmas fontes informaram que o presidente egípcio Hosni Moubarak confiou a um de seus colaboradores próximos a missão de “acalmar a cólera dos dirigentes líbios e encorajá-los a procurar a via do diálogo com Berna nesse caso”.

Tanto o embaixador do Egito na Líbia quanto o embaixador líbio no Cairo, que atualmente se encontra em viagem a Trípoli, também teriam desempenhado um papel na busca de uma solução para a crise, informaram as fontes consultadas pela swissinfo.

Solidariedade internacional

A prisão dos dois executivos por supostas violações às leis de imigração e normas de estadia no país foi interpretada pela Suíça como ato de vingança pela prisão de Hannibal Kadhafi e sua esposa, no dia 15 de julho, em Genebra.

O DFAE protestou contra as medidas de vingança e enviou uma delegação diplomática à Trípoli. Ela, no entanto, não obteve resultado e Berna já se preparava para enfrentar uma longa crise bilateral.

Vários países e personalidades ofereceram-se como mediadores à Suíça e manifestaram sua solidariedade com o país alpino. Um sinal de distensão foi a transferência dos dois suíços para uma prisão com melhores condições, no início desta semana.

As notícias de que a Líbia interrompeu o fornecimento de petróleo à Suíça não se confirmaram. As notícias de que a Líbia interrompeu o fornecimento de petróleo à Suíça não se confirmaram. Na terça-feira, um navio-tanque com 80 mil toneladas de óleo bruto zarpou rumo à Suíça, informou o diretor-executivo da Associação Suíça das Empresas Petrolíferas, Rolf Hartl.

Nesta terça-feira, porém, o Ministério líbio das Relações Exteriores recomendou aos cidadãos do país a não viajar para a Suíça. Trata-se de uma reação de Trípoli à recomendação de Berna, de que os suíços não viajem ao país norte-africano enquanto durarem as tensões nas relações bilaterais.

O pivô da crise

O juiz Michel-Alexandre Graber, de Genebra, que desencadeou a crise entre a Líbia e a Suíça ao mandar prender preventivamente durante 48 horas Hannibal Kadhafi e sua esposa Aline, pretende dar continuidade ao inquérito. “Nunca me arrependo de ter aplicado a lei”, disse Graber em entrevista ao semanário suíço Illustré.

As investigações e os depoimentos teriam fornecido elementos suficientes para justificar a acusação. A polícia de Genebra esclareceu junto ao governo federal a questão da possível imunidade de Hannibal Kadhafi, explicou o juiz.

Próxima audiência em setembro



Questionado sobre possíveis pressões externas, Graber disse que pretende cumprir sua tarefa de forma independente, sem qualquer proteção especial. Ele disse que a próxima audiência do casal Kadhafi será em setembro próximo. Aline Kadhafi está grávida no nono mês.

Motassim Bilal Kadhafi, que se chama Hannibal, e sua esposa foram presos no dia 15 de julho, Hotel Presidente Wilson, em Genebra, sob acusação de terem agredido seus empregados domésticos. O casal foi libertado mediante pagamento de uma fiança de 500 mil francos e puderam voltar à Líbia.

swissinfo com agências

A Líbia é o segundo maior parceiro comercial da Suíça no continente africano, atrás apenas da África do Sul. O comércio bilateral movimenta cerca de dois bilhões de francos por ano.

O país também é o principal fornecedor de petróleo bruto à Suíça.

Em 2006, 48,8% das importações helvéticas de petróleo bruto vieram da Líbia, segundo informações da Secretaria Federal de Economia (SECO, na sigla em francês).

A balança comercial entre os dois países é favorável à Líbia.

Em razão do petróleo, as importações suíças chegavam a 1,677 bilhões de francos em 2006, enquanto as exportações helvéticas para a Líbia não passavam de 240 milhões de francos.

A Líbia compra, sobretudo, máquinas, produtos farmacêuticos e agrícolas da Suíça.

No final de 2007, os fundos líbios depositados nos bancos suíços chegavam a 5,784 bilhões de francos, segundo estatísticas do Banco Central Suíço (BNS).

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