
Procurador-geral da Espanha será julgado por supostamente vazar documentos judiciais

O Supremo Tribunal da Espanha rejeitou, nesta terça-feira (29), um recurso do procurador-geral para evitar ir a julgamento por ter supostamente vazado documentos judiciais contra o companheiro de uma influente figura da oposição conservadora, em mais um revés para o presidente de governo, Pedro Sánchez.
Álvaro García Ortiz deverá ir a julgamento por suposto crime de divulgação de segredos relacionados ao vazamento de um e-mail referente a Alberto González Amador, que mantém um relacionamento com Isabel Díaz Ayuso, presidente da comunidade de Madri e pertencente ao Partido Popular (PP, direita).
No ano passado, a imprensa espanhola publicou um suposto rascunho de acordo entre a Procuradoria-Geral e o advogado de González Amador, um empresário que está sendo investigado por suposta fraude fiscal.
Segundo essas informações, Amador teria mencionado um possível acordo de culpabilidade em que admitiria os supostos crimes em troca de evitar um julgamento.
O PP acusou os aliados de Sánchez de orquestrarem o vazamento para prejudicar Ayuso, uma figura em ascensão na direita espanhola.
O Supremo Tribunal iniciou uma investigação contra García Ortiz em outubro do ano passado após uma denúncia de Amador, cuja empresa prestava serviços de saúde e viu seus rendimentos dispararem durante a pandemia de covid-19.
Nomeado pelo governo Sánchez em 2022, García Ortiz negou ter vazado informações sobre Amador, tanto de forma pessoal, quanto por meio do seu gabinete.
A Sala de Apelação do Supremo Tribunal comunicou nesta terça-feira que rejeitava o recurso de García Ortiz e informou, em comunicado, que decidiu “majoritariamente que os indícios coletados durante a instrução pela suposta prática de um crime de divulgação de segredos são suficientes para que se possa formular acusação pelos fatos investigados”.
Após a divulgação da notícia, o PP voltou a pedir a saída do procurador-geral. “Quem está no banco dos réus não pode reprimir crimes. O procurador-geral deve renunciar imediatamente”, escreveu o líder do partido, Alberto Núñez Feijóo, em sua conta na rede social X.
“Acreditamos em sua inocência e, portanto, ele conta com o aval e o apoio do Governo da Espanha”, declarou, por sua vez, Sánchez, nesta terça-feira, na ilha mediterrânea de Maiorca, ao defender García Ortiz novamente.
O caso contra o procurador-geral agrava os problemas que afligem o governo de esquerda presidido pelo socialista Pedro Sánchez. Vários de seus membros atuais e ex-colaboradores estão sendo investigados em diferentes processos.
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