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Programa de Jimmy Kimmel voltará ao ar na 3ª feira nos EUA

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O programa de Jimmy Kimmel, que foi suspenso na semana passada após ameaças da administração de Donald Trump, voltará ao ar nesta terça-feira (23), anunciou a Disney. Mas não será transmitido em boa parte do país, decidiu a companhia que controla uma das redes de difusão nos Estados Unidos.

A Disney, dona da emissora ABC que transmite “Jimmy Kimmel Live!”, suspendeu na quarta-feira passada o talk show noturno depois que o governo ameaçou com retaliações após desaprovar comentários feitos pelo apresentador em seu programa de segunda-feira sobre as consequências do assassinato do ativista de direita e aliado de Trump, Charlie Kirk.

“É uma decisão que tomamos porque consideramos que alguns dos comentários eram inoportunos”, explicou nesta segunda-feira (22) o  conglomerado do entretenimento.

“Passamos os últimos dias em conversas profundas com Jimmy e então decidimos que o programa volta ao ar na terça-feira”, acrescentou a Disney.

Contudo, a Sinclair, uma das companhias que controla dezenas de canais afiliados a ABC e que transmitem sua programação em boa parte do país, informou pouco depois em um breve comunicado na rede X que substituiriam o programa com notícias a partir desta terça-feira.

“As discussões com a ABC continuam, ao mesmo tempo que avaliamos o potencial retorno do programa”, acrescenta o texto.

As ameaças da Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês), a agência que regula o setor nos Estados Unidos, e a saída do ar de “Jimmy Kimmel Live!”, onde eram frequentes as críticas ao governo do presidente Donald Trump, gerou críticas na esquerda por considerar que infringe a Primeira Emenda da Constituição, que garante a liberdade de expressão no país.

– Momento ‘sombrio’ –

Artistas, comediantes e figuras do entretenimento se juntaram às críticas. Mais de 400 estrelas de Hollywood publicaram nesta segunda uma carta da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) em defesa de Kimmel e da liberdade de expressão.

“Jimmy Kimmel foi tirado do ar depois que nosso governo ameaçou uma empresa privada com retaliação. Isso marca um momento sombrio para a liberdade de expressão em nossa nação”, afirma a carta assinada por celebridades como Tom Hanks, Jennifer Aniston, Meryl Streep e Pedro Pascal.

Mas também atraiu críticas de vozes da direita, como as do senador do Texas, Ted Cruz, e do apresentador Tucker Carlson.

“Gosto de Brendan Carr”, o diretor da FCC, “mas o que ele disse é extremamente perigoso”, comentou Cruz em seu podcast na semana passada. “Pode ser satisfatório ameaçar Jimmy Kimmel agora, mas lamentaremos quando isso for usado para silenciar os conservadores nos Estados Unidos.”

– ‘Por bem ou por mal’ –

Kimmel insinuou na segunda-feira passada em seu talk show que o movimento “Make America Great Again (MAGA)” de Trump estava explorando politicamente o assassinato de Kirk.

Kirk, de 31 anos, foi baleado em 10 de setembro enquanto participava de um debate em uma universidade no estado de Utah. O suposto autor do disparo, Tyler Robinson, de 22 anos, se entregou às autoridades e foi acusado de homicídio qualificado.

“Tivemos alguns novos pontos baixos no fim de semana com a gangue MAGA tentando desesperadamente caracterizar o jovem que assassinou Charlie Kirk como qualquer coisa que não seja um deles e com tudo o que podem para tirar proveito político disso”, afirmou Kimmel na segunda-feira passada.

Menos de dois dias depois, o diretor da FCC ameaçou a emissora ABC com ações legais.

“Podemos fazer isso por bem ou por mal. Ou essas companhias buscam uma maneira de mudar a conduta, de agir francamente a respeito de Kimmel, ou a FCC terá trabalho adicional pela frente”, alertou Brendan Carr.

Em seguida, a Nexstar, responsável por outro bloco de canais afiliados à ABC e que avança em uma negociação bilionária que requer o aval da FCC, informou que não transmitiria o programa.

Trump comemorou a suspensão do talk show e chegou a dizer na sexta-feira que a cobertura negativa sobre o seu governo deveria ser “ilegal”.

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