
“Tristeza bovina” ameaça gado suíço

Trezentas reses serão abatidas em fazenda suíça. Os animais manifestam sintoma de "tristeza parasitária bovina", mal raro na Europa.
A doença é tropical. Mas existe em países mais frios.
A doença, inicialmente qualificada de “misteriosa”, atingiu fazenda com 300 reses no leste da Suíça (na região de Coira, no estado dos Grisões). Ela manifesta todos os sintomas da “anaplasmose” – causada por uma bactéria. Cientificamente chamada anaplasmose e babesiose, o mal é conhecido no Brasil como Tristeza Parasitária Bovina.
Para evitar propagação, as autoridades do cantão (estado) dos Grisões decidiram abater todo o gado da fazenda, na maioria contaminado. Mas o veterinário estadual continua, no entanto, intrigado, se perguntando como a doença atingiu a Suíça.
Hospedeiro
“A bactéria precisa de um hospedeiro intermediário para completar o seu ciclo biológico”, lembra o veterinário brasileiro, Márcio Folly, atualmente a serviço do governo de cantão (estado) de Friburgo.
Como o fazendeiro atingido era mercador de gado, ele avança a hipótese de que possa ter comprado uma rês contaminada, não excluindo que a transmissão a outras cabeças possa ter sido “mecânica”, ou seja, através de seringas utilizadas e não esterilizadas. Folly insiste, porém, tratar-se de simples hipótese.
Os serviços competentes suíços já começaram a “rastrear” a causa da contaminação.
Normalmente a transmissão ocorre através de carrapatos, moscas ou mesmo pulgas ou piolhos que passam de um animal a outro. Além dos bovinos, outros dominantes podem ser afetados, tantos domésticos quanto silvestres.
Os especialistas realçam que mesmo assim o homem não corre perigo.
sintomas e cura
O animal atingido pela bactéria torna-se anêmico (com a destruição dos glóbulos vermelhos). Em conseqüência enfraquece, perde o apetite, fica deprimido (triste), tem dificuldade de respirar (tem “batedeira”), cansaço, constipação, com fezes escuras que podem conter sangue. E a morte é certa.
Os bovinos doentes podem ser tratados e curados com antibióticos e transfusão sangüínea. Márcio Folly aplaude, no entanto, a decisão suíça de abater todas as 300 reses no intuito de delimitar a doença.
No caso em questão cerca de 100 cabeças de gado já estão para morrer. Mas “é absolutamente impossível cuidar de todas com antibióticos e uma transfusão de sangue de 10 litros”, afirma especialista suíço. “Os animais tratados continuam portadores do agente infeccioso”, acrescenta.
“Febre texana”
A maneira mais fácil de livrar a rês da doença é através da premunição que consiste em levá-lo de regiões livres de anaplasmose para áreas endêmicas.
O animal recebe um carrapato portador da bactéria e fica de quarentena, sendo por assim dizer vacinado. Quanto à vacina propriamente dita, os efeitos são qualificados de “variáveis”.
Se o mesmo animal fosse exposto de uma vez a muitos carrapatos estaria condenado à morte.
A doença que surpreendeu os pecuaristas suíços, assustando um pouco, com perigo de contaminação, é rara na Europa. Foram apontados casos na França, Áustria, Itália, Holanda e Hungria.
Fora da Europa, ela existe, por exemplo, também nos Estados Unidos, onde é chamada de “Texas fever” (febre texana).
swissinfo/J.Gabriel Barbosa
O nome científico: “anaplasmose e babesiose”.
“A bactéria precisa de um hospedeiro intermediário para completar seu ciclo biológico”.
A transmissão ocorre geralmente através do carrapato.
O homem não corre perigo.

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