A vida dos expatriados na Suíça – parte dela é excelente
O que o México, a Indonésia e Taiwan têm que a Suíça não tem? Para começar, moradores mais simpáticos e boas finanças pessoais, segundo uma pesquisa com quase 12.000 expatriados de todo o mundo.
A Suíça foi o 19º – ficando entre a Malásia (18º) e a República Tcheca – dos 52 países incluídos na nona edição da pesquisa Expat Insider, que é realizada pela InterNations e foi publicada na terça-feira. Em 2022, México, Indonésia e Taiwan foram os grandes vencedores, com o Kuwait ficando em último lugar.
Ainda assim, 76% dos expatriados estão felizes com sua vida na Suíça, em comparação com os 71% da média global.
Top 5
México (1)
Indonésia
Taiwan
Portugal
Espanha
Últimos 5
Luxemburgo
Chipre
Hong Kong
Nova Zelândia
Kuwait (52)
Uma nova metodologia utilizada retirou o índice de Custo de Vida, no qual a Suíça, sendo cara, sempre se saiu muito mal (no ano passadoLink externo, ela ficou em 58º lugar entre 59 países). Como resultado, a posição geral da Suíça saltou da 30ª para 19ª, mas, como destaca a InterNations, não é possível comparar os resultados de 2022 com os dos anos anteriores.
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‘Segura e organizada’
Então, qual é o veredito sobre a Suíça este ano? Dos cinco principais índices, é na Qualidade de Vida que a Suíça é mais bem classificada pelos expatriados (6º). Ela se sai ainda melhor em duas subcategorias, ficando em segundo lugar em Meio Ambiente e Clima, bem como em Segurança e Proteção.
“A Suíça oferece um alto padrão de vida. É muito segura e organizada”, diz um expatriado brasileiro.
Os entrevistados consideram o país como o lugar mais politicamente estável do mundo: 93% deles classificam esse fator de forma positiva (contra 64% globalmente) e 94% estão satisfeitos com sua segurança pessoal (contra 81% globalmente).
Além disso, 98% estão satisfeitos com o ambiente natural (contra 83% mundialmente), o que coloca o país alpino no primeiro lugar mundial. Ele também está entre os dez primeiros classificados em outros fatores semelhantes, como a qualidade do ar (4º) e a disponibilidade de bens e serviços verdes (4º). 86% dos entrevistados classificam positivamente o ambiente urbano (contra 67% mundialmente).
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A Suíça também é muito bem classificada na subcategoria Viagens e Trânsito (6º). O país alcança outro primeiro lugar na avaliação das oportunidades de viagem (95% de satisfação no país, contra 82% globalmente). Os expatriados tanto adoram a infraestrutura para carros (93% de satisfação, contra 75% globalmente) quanto acham fácil e seguro se locomover a pé ou de bicicleta (94% de satisfação, contra 77% globalmente). A única desvantagem é o preço do transporte público (38º).
A questão dos preços também é um problema quando se trata de saúde. Os expatriados consideram sua qualidade muito boa (86% de satisfação, contra 72% globalmente), mas 41% consideram que os serviços de saúde são financeiramente inacessíveis, em comparação à média global de 21%.
A Suíça também enfrenta dificuldades na subcategoria de Opções de Lazer, estando no 41º lugar. Enquanto 88% dos entrevistados apreciam as oportunidades de praticar esportes recreativos (contra 75% globalmente), 26% estão insatisfeitos com a cultura e a vida noturna (contra 16% globalmente) e 21% sentem falta de uma maior variedade culinária e opções de refeições (contra 12% globalmente).
Pagamento justo
No índice Trabalho no Exterior, a Suíça se encontra na 16ª posição – ocupando até mesmo o primeiro lugar na subcategoria Salário e Segurança do Emprego. Isso se deve principalmente ao estado da economia: 94% das pessoas estão satisfeitas com ela (contra 64% globalmente). Além disso, 70% acham que recebem um pagamento justo pelo seu trabalho (contra 62% globalmente) e 65% concordam que a mudança para a Suíça melhorou suas perspectivas profissionais (contra 60% globalmente).
No entanto, a Suíça não se sai particularmente bem na subcategoria Trabalho & Lazer (39°). Mais de uma em cada cinco pessoas (21%) estão insatisfeitas com seu horário de trabalho (contra 17% globalmente). Por um lado um pouco mais positivo, de acordo com 66% dos expatriados, a cultura empresarial local apoia políticas como o trabalho remoto e horários de trabalho flexíveis (contra 60% globalmente). A satisfação geral com o trabalho é bastante alta (71% de satisfação, contra 64% globalmente).
Os expatriados não apenas sentem que recebem um pagamento justo: 69% também estão satisfeitos com sua situação financeira em geral (contra 60% globalmente). 80% descrevem sua renda familiar como suficiente ou mais do que suficiente para uma vida confortável (contra 72% globalmente). De fato, 56% (contra 21% globalmente) têm uma renda bruta anual de pelo menos US$ 100.000 (CHF 97.000). Apesar disso, a Suíça fica ligeiramente abaixo da média no índice de Finanças Pessoais (31º), o que se deve principalmente às despesas do custo de vida: 62% as descrevem como muito altas (contra 35% globalmente).
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Por que a Suíça é tão cara?
Dificuldade de fazer amigos
No índice Essencial para Expatriados (20º), a Suíça tem um desempenho muito bom na Vida Digital e em Questões Administrativas (7º em ambos). Os expatriados estão satisfeitos com o acesso irrestrito aos serviços online (92% contra 82% globalmente) e à internet de alta velocidade em casa (89% contra 79% globalmente). Três em cada cinco pessoas (60%) também consideram que é fácil lidar com as autoridades locais (contra 40% globalmente).
A subcategoria de Habitação (44°), contudo, prejudica a classificação do país no índice: 42% dos entrevistados dizem que é difícil encontrar uma habitação sendo expatriado (contra 27% globalmente). Outros 58% consideram que é difícil conseguir pagar pelas residências (contra 43% globalmente). “Comprar um apartamento é quase impossível e o aluguel é muito caro”, relata um expatriado francês.
No índice Facilidade de Acomodação, a Suíça figura entre os dez últimos. Os expatriados classificam mal o país principalmente nas subcategorias Encontrando Amigos (43°) e Simpatia Local (44°). Uma em cada quatro pessoas (25%) descreve a população local como antipática (contra 17% globalmente) e 52% têm dificuldades em fazer amigos suíços (contra 37% globalmente).
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Como fazer amizade com uma pessoa na Suíça
Como era esperado, 32% dos entrevistados não estão satisfeitos com sua vida social (contra 26% globalmente) e 45% são amigos principalmente de outros expatriados (contra 33% globalmente). Apenas 7% são amigos majoritariamente de moradores locais (contra 17% globalmente).
“Pode levar anos para entrar na vida social suíça”, explica outro expatriado francês. “No início, a maior parte dos meus contatos foi com outros expatriados.”
Para sua pesquisa anual Expat Insider, a InterNations pediu que 11.970 expatriados – representantes de 177 nacionalidades e moradores de 181 países e territórios – fornecessem informações sobre vários aspectos da vida expatriada, bem como seu gênero, idade e nacionalidade. Para que um país fosse incluído nos índices e, consequentemente, na classificação geral, era necessária uma amostra de pelo menos 50 participantes por local.
Foi solicitado que os participantes classificassem 56 aspectos diferentes da vida no exterior, usando uma escala de um a sete. O processo de classificação enfatizou a satisfação pessoal dos entrevistados nesses aspectos, avaliando com o mesmo peso tanto questões emocionais quanto aspectos mais factuais.
As classificações dos fatores individuais feitas pelos entrevistados foram então agrupadas em várias combinações para formar um total de 16 subcategorias, e seus valores médios foram usados para elaborar cinco índices principais: Qualidade de Vida, Facilidade de Acomodação, Trabalho no Exterior, Finanças Pessoais e Essencial para Expatriados. Depois, esses índices foram unidos à satisfação geral dos expatriados com sua vida no exterior para produzir uma média e classificar 52 destinos de expatriação em todo o mundo.
(Fonte: InterNations)
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Adaptação: Clarice Dominguez
(Edição: Fernando Hirschy)
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