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Teatro ajuda a compreender drama dos refugiados

Jovens participam em Saint-Maurice de simulações teatrais para compreender a situação dos refugiados políticos. OSAR/SFH

Enquanto partidos de extrema-direita em Zurique sugerem um novo plebiscito para combater o asilo político, Suíça comemora no sábado o "Dia do Refugiado".

Escolares na Suíça alemã procuram os órgãos de ajuda aos refugiados para entender o problema.

“Ninguém tem interesse, sejam suíços ou os refugiados, de deixar de lado uma parte da população”, afirma Kais Fguiri, coordenador do projeto Escola e membro da Comissão Federal dos Estrangeiros (CFE).

Porém no contexto onde a Suíça e o resto da Europa vivem um aumento drástico no número de solicitantes de asilo político, a tendência é de fechamento das fronteiras.

O problema do asilo político na Suíça está polarizado em nível político. O fenômeno da imigração está sendo cada vez mais entendido como um problema de migração econômica.

Na pele de um refugiado

Como compreender o percurso tomado por um refugiado que chegue na Suíça, de viver sua situação de ser caçado por todos os lados, de ter medo, ser humilhado e perder suas referencias? E através desse questionamento, como aprender a ser tolerante e receptivo?

Essas são as questões que a Organização Suíça de Ajuda aos Refugiados (OSAR) tenta responder através da programação do “Dia do Refugiado”, que ocorre no sábado.

Uma das atividades é colocar os jovens para assumir o papel de um refugiado, para “viver” a guerra, a opressão e o exílio forçado.

Em primeiro lugar, a Suíça francesa

O programa teve seu início na parte francesa da Suíça em março de 1998, após alguns anos de reflexão na organização OSAR. Um ano depois, ele começou também na Suíça alemã.

Desde o início do projeto, mais de 30 mil pessoas participaram dessa sensibilização. Na Suíça francesa, o programa chegou inclusive a aumentar o seu público-alvo: no início eram apenas escolares e agora jovens adultos em formação profissional também participam.

Através de jogos teatrais, as pessoas começam a compreender a situação geral. Na primeira metade do curso, elas encenam uma situação. A segunda parte é mais didática, tendo inclusive palestras com solicitantes de asilo políticos, já aceitos na Suíça.

Dessa forma é possível para os jovens analisar os critérios de admissão para obtenção do estatuto de refugiado. Assim eles compreendem como a política pode ser restritiva, em relação às provas que devem ser apresentadas para as autoridades.

26 mil refugiados na Suíça

Os participantes no programa são também confrontados às estatísticas: atualmente vivem na Suíça 26 mil refugiados. Dependendo do ano, apenas de 2% a 10% deles são aceitos no país.

Eles aprendem também que o solicitante de asilo político recebe apenas 15 francos suíços (11 dólares) por dia, para se alimentar e vestir. O refugiado custa muito menos do que um suíço que viva da assistência social. Além disso, ele só pode trabalhar nos primeiros três meses de estadia. Depois desse prazo, o solicitante só arruma um emprego, caso nenhuma pessoa com autorização de trabalho se interesse.

Através do programa, os jovens suíços começam a entender melhor o complexo problema, podendo julgar as propostas que são apresentadas pelos diferentes partidos políticos.

Uma pessoa em trinta e cinco é imigrante no mundo

A Organização Internacional de Migrações (OIM) publicou em 10 de junho o seu relatório anual.

Seus números revelam: 175 milhões de seres humanos são imigrantes. Esse número inclui não somente as pessoas que migraram legalmente ou trabalhadores de estação, mas também os refugiados políticos, econômicos e migrantes ilegais.

Dos continentes que mais receberam migrantes, a Europa encontra-se em primeiro lugar: 56,1 milhões de migrantes. Depois vem a Ásia, com 49,7 milhões e a América do Norte, com 40,8 milhões de pessoas.

swissinfo, Anne Rubin e agências
traduzido por Alexander Thoele

– Estimativas dizem que existem 50 milhões de refugiados no mundo.

– Isso significa uma em cada 140 pessoas.

– A Suíça é signatária da Convenção de Genebra sobre refugiados.

– A OSAR foi criada em 1936 para ajudar os refugiados vítimas do nazismo.

– Mais de 110 escolas ou institutos participam do programa anualmente. As escolas assumem 20% dos custos.

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