
Trump pede que autoridades do Brasil ‘deixem Bolsonaro em paz’

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta segunda-feira ao Brasil que “deixe [Jair] Bolsonaro em paz”, no momento em que o ex-presidente brasileiro é julgado por suposta tentativa de golpe de Estado, em uma mensagem que foi imediatamente repudiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Estarei observando muito de perto a caça às bruxas contra Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores”, declarou Trump em sua conta na rede Truth Social.
O ex-presidente brasileiro poderia ser condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por uma suposta tentativa de impedir a posse de seu rival Lula após as eleições de 2022.
Em sua mensagem, Trump acrescentou que “isso não é nada mais, nada menos do que um ataque a um oponente político, algo que eu conheço muito bem. Aconteceu comigo”.
Enquanto lidera no Rio de Janeiro a cúpula do Brics, Lula rejeitou veementemente as palavras do americano.
“Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja”, disse Lula em uma nota oficial.
“Esse país tem lei, esse país tem regra, e esse país tem um dono chamado povo brasileiro”, acrescentou em uma coletiva de imprensa.
– “Alegria” de Bolsonaro” –
Bolsonaro, 70 anos, comemorou o apoio do presidente americano.
“Recebi com muita alegria a nota do Presidente @realDonaldTrump”, reagiu em sua conta no X.
Bolsonaro costuma afirmar que Trump é seu “amigo” e já comparou o atentado que sofreu em 2018, quando foi esfaqueado durante um ato eleitoral, à tentativa de assassinato sofrida pelo magnata republicano durante a campanha em 2024.
Ele também afirma que ambos foram vítimas de “perseguição” judicial.
Um de seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL/RJ), disse na mesma rede que “esta não será a única novidade vinda dos EUA neste próximo tempo”.
Eduardo Bolsonaro mudou-se meses atrás para os Estados Unidos, onde faz uma campanha para obter apoio do governo de Trump ao seu pai.
O ministro do STF Alexandre de Moraes ordenou em maio a abertura de uma investigação contra o deputado, acusado de pedir sanções do governo americano contra autoridades brasileiras.
Moraes, que também é o relator do inquérito que transformou em réu Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, está na mira do governo de Trump.
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, afirmou em maio no Congresso que existe uma “grande possibilidade” de que Washington sancione Moraes.
Bolsonaro e sete ex-colaboradores poderiam enfrentar até 40 anos de prisão se forem considerados culpados.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o suposto plano golpista de Bolsonaro foi frustrado por falta de apoio do alto comando das Forças Armadas.
Bolsonaro está inelegível até 2030 por ter questionado sem provas a confiabilidade do sistema eleitoral.
Mas insiste em querer se candidatar nas eleições presidenciais de 2026, às quais Lula, de 79 anos, também aspira à reeleição.
A declaração de Trump em apoio a Bolsonaro ocorre um dia depois de ele ameaçar com a aplicação de novas tarifas de 10% aos países que se alinharem às “políticas antiamericanas” do Brics, enquanto o grupo de 11 países do chamado Sul Global celebra sua cúpula anual no Rio de Janeiro sob a presidência brasileira.
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