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Brasil apresenta plano aos setores afetados por tarifaço

Três homens sentados e um curvado, assinando um papel
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (à esquerda) apresentou um pacote de ajuda aos exportadores afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, no Palácio do Planalto, em Brasília, em 13 de agosto de 2025. EPA/ANDRE BORGES

Sob tarifas de até 50% impostas por Trump, Lula anuncia pacote de R$ 30 bilhões para apoiar empresas e preservar empregos. Esta e outras notícias foram os destaques na imprensa helvética nesta semana.

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De 9 a 15 de agosto de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Amazônia perde mais área que Espanha em 40 anos

O portal nau.ch publicou um artigo sobre um tema que costuma ter destaque na imprensa suíça: o desmatamento das florestas brasileiras.

Segundo dados da rede MapBiomas, o Brasil perdeu, desde 1985, cerca de 52 milhões de hectares de áreas naturais na Amazônia – mais do que o território da Espanha – e 111,7 milhões de hectares em todo o país, o equivalente a mais de três vezes a área da Alemanha. O estudo mostra que 40% de toda a conversão de áreas naturais para agricultura, mineração, cidades e infraestrutura ocorreu apenas nas últimas quatro décadas.

O período mais crítico foi entre 1995 e 2004, mas a destruição voltou a acelerar na última década devido à degradação ambiental, mudanças climáticas e expansão agrícola. Hoje, a proporção de áreas naturais no Brasil caiu de 80% (1985) para 65% (2024). O relatório também destaca que 2024 foi o ano mais seco no Pantanal desde 1985, favorecendo incêndios, e que o Cerrado perdeu 28% da vegetação natural no mesmo período.

O presidente Lula prometeu desmatamento zero até 2030, e o tema estará no centro da COP30, que acontecerá em novembro, em Belém, na Amazônia.

Fonte: nau.ch, 14.08.2025Link externo (em alemão) 

Brasil lança bilhões em ajuda contra tarifas dos EUA

O portal cash.ch e o jornal Handelszeitung, especializados em economia, noticiaram que o governo brasileiro anunciou um pacote bilionário de apoio a empresas afetadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. O plano inclui uma linha de crédito de 30 bilhões de reais (cerca de 4,7 bilhões de euros) condicionada à preservação de empregos, créditos à exportação e adiamento do pagamento de impostos para os setores mais prejudicados. A medida, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como lei provisória, precisa ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias.

Lula afirmou que o Brasil não adotará retaliações imediatas para não agravar as relações comerciais e buscará diversificar mercados de exportação, negociando com países como Índia, China e Rússia. Já a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a situação como uma “verdadeira chantagem”, afirmando que ela foi provocada por quem tentou abolir o estado democrático de direito e agora enfrenta a Justiça.

O pano de fundo da medida é político: o presidente norte-americano Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre têxteis, maquinário, alimentos e produtos químicos do Brasil. Segundo Washington, parte da justificativa está ligada ao processo criminal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe após a derrota eleitoral em 2022 e atualmente em prisão domiciliar.

Fonte: cash.chLink externo e handelszeitung.chLink externo, 14.08.2025 (em alemão)

8 mil vítimas dos incêndios na Espanha e em Portugal

O portal do jornal Blick, o de maior circulação na Suíça, publicou em francês uma reportagem sobre a grave situação dos incêndios florestais na Península Ibérica, que continuam a destruir centenas de hectares e já causaram mortes e feridos.

Na Espanha, as regiões mais afetadas são Castilla y León e Galícia, onde milhares de pessoas foram evacuadas, serviços de trem de alta velocidade foram interrompidos e bombeiros enfrentam dificuldade para conter as chamas devido ao calor extremo e ventos fortes.

Vacas fugindo de chamas
Vacas fugindo das chamas durante um incêndio florestal em Quintela, município de Sernancelhe, distrito de Viseu, Portugal, em 14 de agosto de 2025. EPA/PEDRO SARMENTO COSTA

Em Castilla y León, sete pessoas estão hospitalizadas, quatro em estado grave, incluindo um homem com queimaduras em 85% do corpo. A região também registrou a morte de um voluntário de 35 anos que combatia o fogo. Na Galícia, mais de 11.500 hectares já foram destruídos, e autoridades afirmam que 30 incêndios chegam a ser extintos diariamente, mas novos focos surgem continuamente.

No vizinho Portugal, 2.100 bombeiros e cerca de vinte aeronaves combatem grandes incêndios no norte e centro do país. Ventos fortes e altas temperaturas têm provocado novos focos, como em Trancoso e Arganil, onde aldeias inteiras foram evacuadas. O governo português prorrogou até sexta-feira as medidas de prevenção contra incêndios, contando inclusive com aeronaves emprestadas de Marrocos após falhas em sua frota.

Fonte: blick.ch, 13.08.2025Link externo (em francês) 

Jéssica Teixeira: “Meu corpo é minha arma”

O portal Tsüri, de Zurique, publicou uma entrevista com a diretora brasileira Jéssica Teixeira, que leva ao Theater Spektakel a peça “Monga”, vencedora do mais prestigiado prêmio de teatro do Brasil. A obra, apresentada como um “espaço seguro” para cantar, dançar e beber cachaça, reflete sobre como a sociedade lida com corpos considerados diferentes, inspirando-se na história de Julia Pastrana, artista mexicana do século XIX exibida em freak shows por causa de uma condição genética. Teixeira conta que o trabalho também nasce de questionamentos pessoais sobre a percepção do seu corpo no meio artístico.

Na entrevista, a artista fala sobre nudez no palco – ela inicia a peça usando apenas uma máscara de gorila – e explica que se sente confortável e poderosa em seu corpo, enquanto o público, vestido, muitas vezes reage com desconforto. Segundo Teixeira, tanto no Brasil quanto em outros lugares, o medo do corpo nu está ligado à vulnerabilidade, algo que as pessoas tendem a evitar. Para ela, o corpo pode ser uma forma de resistência, e a arte pode questionar padrões sociais e culturais sobre o que é aceitável.

Teixeira também aborda o tema da acessibilidade no teatro, defendendo que não se trata apenas de incluir pessoas com deficiência na plateia, mas de criar um processo de troca que enriqueça a própria prática artística. Ela critica a baixa representatividade de artistas com deficiência nos palcos e sugere repensar a forma como percebemos os sentidos humanos. A diretora se diz animada para apresentar “Monga” em Zurique entre 28 e 30 de agosto e curiosa para conhecer mais sobre a cidade além do chocolate, do queijo e do lago.

Fonte: tsri.ch, 13.06.2025Link externo (em alemão) 

Europa superaquecida combate incêndios

O jornal Le Matin, um dos mais importantes da Suíça francófona, publicou reportagem sobre a onda de calor extremo que atinge a Europa, causando incêndios devastadores e levando à evacuação de milhares de pessoas, sobretudo na Península Ibérica.

Na Espanha, dezenas de focos seguem ativos, com mortes registradas e destruição de áreas como o sítio de Las Médulas, patrimônio da UNESCO. O primeiro-ministro Pedro Sánchez alertou para o “risco extremo” de incêndios, mobilizando mil militares para auxiliar no combate.

Em Portugal, o cenário também é crítico, com o incêndio mais preocupante localizado em Trancoso. Além de centenas de bombeiros, moradores têm ajudado a proteger casas com mangueiras d’água. Na Grécia, o mecanismo europeu de combate a incêndios foi acionado, com focos perigosos na ilha de Zakynthos, no Peloponeso e em áreas industriais próximas a Patras.

A Itália, por sua vez, colocou onze grandes cidades em alerta vermelho por calor. A França enfrenta temperaturas recordes, com 14 departamentos em alerta vermelho e dois terços do território em alerta laranja. Especialistas apontam que a situação é agravada por um “domo de calor” persistente e pelas mudanças climáticas, que aumentam a frequência e a intensidade das ondas de calor.

A seca prolongada, especialmente no Mediterrâneo, cria condições ideais para a propagação de incêndios. O calor e a falta de chuvas também afetam o Reino Unido e os Bálcãs. Em Londres, foi emitido alerta de poluição do ar e, na Escócia, há risco “muito alto” de incêndios. Nos Bálcãs, Albânia, Montenegro e Croácia combatem múltiplos focos, mobilizando bombeiros e militares. A reportagem reforça que o fenômeno climático extremo está se tornando um desafio continental.

Fonte: lematin.ch, 12.08.2025Link externo (em francês) 

Congresso afrouxa lei ambiental. Lula veta.

O jornal Neue Zürcher Zeitung (NZZ), o mais prestigioso da Suíça germanófona, publicou um artigo do correspondente Alexander Busch, que vive há muitos anos no Brasil, sobre a recente polêmica envolvendo a lei ambiental brasileira.

Segundo Busch, o Congresso aprovou, às pressas e em sessão noturna, mudanças que flexibilizam as regras de licenciamento ambiental — o que críticos, como a ex-diretora do Ibama Suely Araújo, classificam como o maior retrocesso em quatro décadas, com potencial para acelerar o desmatamento na Amazônia.

O presidente Lula, sentado, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, à esquerda, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, conversando durante a Cúpula da Amazônia no Centro de Convenções Hangar, em Belém, Brasil, na terça-feira, 8 de agosto de 2023. Copyright 2023 The Associated Press. All Rights Reserved.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou parcialmente a lei, alterando 63 de seus 400 dispositivos, e enviou um novo projeto ao Congresso. A decisão foi influenciada pelo receio de enfrentar uma derrota política, já que mais de dois terços dos deputados apoiam o texto original. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, queria barrar integralmente a proposta, mas recuou.

Entre os pontos mais controversos estão a “autoautorização” para pequenas obras sem avaliação do Ibama ou da Funai, e a aprovação acelerada de uma lista de projetos prioritários — inclusive com riscos ambientais elevados — por uma comissão nomeada pelo governo. Lula também vetou dispositivos que transfeririam a estados e municípios o poder de definir atividades que necessitam de licenciamento, evitando competição por leis ambientais mais brandas.

O artigo destaca que a medida gerou críticas de organizações internacionais, como o WWF, e ocorre a poucos meses da COP 30, que será sediada no Brasil. Para Busch, Lula tenta equilibrar pressões internas e externas, ganhando tempo para evitar desgaste político e proteger sua imagem internacional antes do evento.

Fonte: nzz.ch, 11.06.2025Link externo (em alemão) 

Ladrões de terras ficam impunes

O portal suíço Le Courrier publicou um artigo destacando um estudo do Imazon que revela a impunidade quase total dos grandes fazendeiros e pecuaristas que invadem terras públicas na Amazônia brasileira. A pesquisa analisou 526 decisões judiciais até maio de 2022 e concluiu que apenas 7% resultaram em condenações — a maioria dos casos foi arquivada, absolvida ou prescreveu. Falta de provas, lentidão processual e legislação defasada, com penas brandas, são apontadas como fatores centrais para essa ineficácia.

O estudo mostra que a “grilagem” — falsificação de títulos de propriedade — envolve frequentemente áreas imensas, chegando a mais de 50 mil hectares em alguns casos, e está associada a redes de corrupção com vínculos no Executivo e no Legislativo. Órgãos como o Incra carecem de recursos técnicos, o que prejudica investigações e facilita a atuação dos invasores, que raramente enfrentam a Justiça. Enquanto isso, crimes contra indígenas, quilombolas e trabalhadores sem-terra seguem sem punição.

O artigo também ressalta o contraste entre a impunidade dos grileiros e a criminalização dos movimentos sociais que lutam pela reforma agrária. Lideranças do MST afirmam que muitas dessas terras públicas deveriam ser retomadas pelo Estado e redistribuídas a famílias sem-terra. Para eles, ocupar áreas invadidas é uma forma de denunciar crimes e pressionar pela implementação da reforma agrária, que avança lentamente justamente por causa da grilagem.

Fonte: lecourrier.ch, 11.08.2025Link externo (em francês) 

PIX, o Twint brasileiro que desafia os EUA

O portal da Rádio e Televisão da Suíça Francófona (RTS), com repercussão também em outros veículos suíços, destacou o sucesso do sistema de pagamento instantâneo PIX, criado pelo Banco Central do Brasil. Hoje, ele já supera cartões e dinheiro, respondendo por 76% das transações bancárias, graças à rapidez, ausência de taxas e facilidade de uso, inclusive para trabalhadores informais. Com movimentação de 410 bilhões de euros em abril de 2025, o PIX já forçou até o WhatsApp a abandonar seu projeto de pagamento no país.

O avanço dessa tecnologia irritou Washington, especialmente por ameaçar a posição de gigantes como Visa e Mastercard. O governo Trump abriu investigação contra o Brasil por “práticas desleais” e teme que a solução sirva de modelo para um sistema internacional público e gratuito, capaz de reduzir a influência dos EUA no sistema bancário global. O atrito aumentou após Trump impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, oficialmente como retaliação pelo processo contra Jair Bolsonaro.

Segundo analistas, a medida afeta setores como carne e café, mas não terá impacto sistêmico, já que apenas 12% das exportações brasileiras vão para os EUA — a China é hoje o principal parceiro comercial do país. O presidente Lula tem reforçado laços com a Ásia, com visitas à China, Japão e Vietnã, e prepara participação na cúpula da ASEAN na Malásia, num movimento para diversificar relações econômicas e reduzir a dependência do mercado norte-americano.

Fonte: rts.ch, 10.08.2025Link externo (em francês) 

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Moderador: Giannis Mavris

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