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Um golpe histórico contra o crime organizado em instituições financeiras

Polícia federal em ação na avenida Faria Lima, coração do mercado financeiro de São Paulo.
Polícia federal em ação na avenida Faria Lima, coração do mercado financeiro de São Paulo. Keystone/Isaac Fontana

A operação da Polícia Federal contra o esquema financeiro do PCC ocupou toda a mídia suíça. As finanças da aérea portuguesa TAP, a nova lei brasileira de proteção a menores nas mídias sociais, e um novo velho modo de transporte marítimo de café também foram destaques.

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De 23 a 29 de agosto de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Fraude bilionária com combustível adulterado

Uma megaoperação policial em todo o Brasil revelou um escândalo bilionário envolvendo combustível adulterado e sonegação fiscal. “A população de todo o país testemunhou hoje a maior reação do Estado brasileiro ao crime organizado em nossa história até agora”, anunciou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na plataforma X. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, falou de “uma das maiores operações contra o crime organizado”.

A operação “Carbono Oculto”, da qual participaram mais de 1.400 policiais em dez estados, teve como alvo uma rede criminosa controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) – uma das maiores organizações criminosas do Brasil, conhecida pelo tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e crimes violentos. De acordo com o Ministério da Fazenda, os investigadores conseguiram prender não apenas os subordinados, mas também os líderes da rede.

Pelo menos 7,6 bilhões de reais (cerca de 1,2 bilhão de euros) teriam sido sonegados em impostos, conforme informou o portal de notícias “G1”, citando as autoridades. De acordo com os investigadores, a importação ilegal de metanol desempenhou um papel central: o solvente teria sido trazido para o país por meios indiretos e usado para adulterar combustível.

Segundo a polícia, mais de 40 fundos de investimento e várias fintechs serviram para ocultar o patrimônio da rede das autoridades. De acordo com os investigadores, cerca de 1.000 postos de gasolina estavam envolvidos nas manipulações e transações financeiras, movimentando entre 2020 e 2024 somas no valor de cerca de 52 bilhões de reais (cerca de 8,2 bilhões de euros).

Fonte: Basler ZeitungLink externo (BAZ), BlickLink externo, entre outros, em 29.08.25 (em francês)

Antes da privatização, lucro da TAP recua

A companhia TAP Air Portugal, a qual o governo planeja privatizar 49,9% do capital, anunciou na quinta-feira um lucro de 37,5 milhões de euros (cerca de 35 milhões de francos) no segundo trimestre, uma queda de 42,5% em relação ao ano anterior.

Nesse período, as despesas operacionais da companhia aérea aumentaram 5,6%, para mais de um bilhão de euros, com os custos com pessoal aumentando 18,3%, de acordo com o comunicado divulgado pela TAP.

No entanto, o grupo beneficiou de um aumento no tráfego de passageiros (+4,5%), transportando 4,35 milhões de viajantes, bem como de um ligeiro aumento nas receitas (+1,7%), para 1,13 bilhão de euros durante o trimestre. No primeiro semestre, a TAP registrou, no entanto, um prejuízo de 70,7 milhões de euros.

Renacionalizada com urgência em 2020 para fazer face às consequências da epidemia de Covid-19, a TAP beneficiou de uma injeção de 3,2 mil milhões de euros de fundos públicos em troca de um plano de reestruturação cuja implementação deve estar concluída este ano.

O governo lançou, no passado dia 10 de julho, o processo de privatização da TAP com a adoção de um decreto que estabelece as condições da operação. Portugal prevê ceder até 49,9% do capital da companhia aérea, dos quais 5% reservados prioritariamente aos funcionários.

Várias companhias aéreas europeias, como a Air France-KLM, a Lufthansa ou o grupo IAG (British Airways e Iberia), já manifestaram o seu interesse nesta privatização.

Fonte: PMELink externo em 28.08.25 (em francês) 

Menores e mídias sociais: uma nova lei

Após um escândalo envolvendo um influenciador suspeito de ter explorado sexualmente crianças, o Congresso brasileiro aprovou na quarta-feira uma lei que amplia as obrigações das plataformas digitais em matéria de proteção de menores nas redes sociais. Ela entrará em vigor um ano após sua promulgação pelo presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

A lei obrigará as plataformas a vincular as contas de usuários menores de 16 anos às de seus pais. Estes poderão controlar quem está em contato com seus filhos nessas redes. Com este texto, as plataformas também deverão “controlar e restringir, na medida de suas capacidades técnicas, os conteúdos claramente destinados a atrair crianças”.

Os deputados aprovaram o texto por ampla maioria em 20 de julho, algumas semanas após um escândalo envolvendo Hytalo Santos, um influenciador que publicava no Instagram conteúdos com menores seminus participando de danças sensuais.

A nova lei também visa obrigar as plataformas a controles mais rigorosos da idade dos usuários. O Congresso rejeitou a autodeclaração como método de verificação da idade. As redes também terão a obrigação de denunciar às autoridades “conteúdos que possam ser considerados exploração ou abuso sexual”.

As empresas que infringirem essas medidas estão sujeitas a multas de até 50 milhões de reais (7,8 milhões de euros), suspensões ou proibições para reincidentes. O Brasil tornou-se assim um dos países mais ativos nessa área, mesmo que isso signifique entrar em conflito com os Estados Unidos. Em 2024, os tribunais suspenderam por 40 dias a rede X, que não havia respeitado as regras de combate à desinformação.

Fonte: Le TempsLink externo, 28.08.2025 (em francês)

Café importado por veleiro

Transports Caravela: o nome bem escolhido pela empresa
torrefadora de La Chaux-de-Fonds, La Semeuse, deu ao seu
novo café proveniente do Brasil, transportado, daí o nome,
em um veleiro – certamente muito maior do que as caravelas
portuguesas do século XV.

Como cerca de 85% das mercadorias importadas e exportadas
no mundo, o café é transportado por navio. As emissões de CO2
são comparativamente baixas em relação às do transporte
aéreo (3 gramas por tonelada-quilômetro por navio, contra 327
gramas por avião, de acordo com um estudo do Instituto Politécnico de Paris), mas o número de navios não para de aumentar.

A busca por uma transportadora marítima não foi fácil.
Pequenas quantidades de café já haviam sido transportadas para a
Europa por veleiros, e a empresa TOWT (Trans Oceanic Wind Transport), conta, desde 2024, a partir de Le Havre, com dois
navios a vela capazes de transportar 1.100 toneladas cada um, apenas com a força do vento.

Com 81 metros de comprimento, eles têm dois mastros de 64 metros de altura e transportam café, cacau e bebidas alcoólicas. Em comparação com os cerca de 11 bilhões de toneladas de mercadorias transportadas anualmente pelos oceanos, a proporção transportada por veleiros ainda é muito baixa.

O tempo de viagem não é mais longo: Ao contrário dos porta-contêineres, os cargueiros à vela não fazem escalas. Entre São Sebastião, no Brasil, e Le Havre, a viagem dura entre 25 e 28 dias, com uma redução de 95% nas emissões de CO2. Além disso, os porões permitem manter uma temperatura mais fresca do que nos porta-contêineres com motor tradicional, o que é benéfico para o café.

Fonte: Le CourrierLink externo em 27.08.2025 (em francês) 

Terras raras reivindicadas pelo Brasil

O Brasil reivindica uma ilha submersa no Oceano Atlântico repleta de “terras raras”. Essa formação geológica do tamanho da Espanha fica a 1.200 quilômetros da costa sul do Brasil e a 5.000 metros de profundidade. As terras raras, também chamadas de “minerais do futuro”, são fundamentais para as indústrias de alta tecnologia. O correspondente no Brasil da rádio RTN, Jean-Claude Gerez, explica a questão, que passou longe dos holofotes midiáticos em uma reportagem em áudio.

Fonte: RTNLink externo em 29.08.25 (em francês) 

Banco Safra Sarasin condenado na Suíça

O Ministério Público da Confederação condenou o “private bank” a uma multa de 3,5 milhões de francos. Em causa: pagamentos destinados a altos executivos da Petrobras, que transitaram pela sua instituição. Uma ex-funcionária da instituição também foi condenada a seis meses de prisão.

O banco pagou ainda 16 milhões de francos suíços à gigante petrolífera brasileira Petrobras, parte requerente no processo, dentro do quadro da operação “Lava Jato”. A justiça suíça abriu em 2018 uma investigação contra o banco sediado em Basileia, Banque J. Safra Sarasin, e uma de suas ex-gestoras de patrimônio por “suspeitas de cumplicidade em corrupção de agentes públicos estrangeiros e lavagem de dinheiro agravada” cometidas entre novembro de 2011 e julho de 2014, detalhou o MPC.

Segundo este último, “várias relações bancárias foram abertas no Banco Safra na Suíça e foram utilizadas para receber ou fazer transitar pagamentos corruptos de uma dezena de empresas ativas no setor do petróleo e da construção. Esses pagamentos eram destinados a altos executivos da empresa estatal Petrobras”.

O MPC contabilizou transferências no valor total de cerca de 42,5
milhões de dólares e 28,5 milhões executadas pelo banco, mas
recusadas pelas instituições destinatárias.

Fonte: Le CourrierLink externo em 25.08.2025 (em francês)

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