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Topografia do Terror será demolida em Berlim

As Torres do arquiteto suíço Peter Zumthor que serão demolidas. swissinfo.ch

Obra interrompida do Centro de Documentação sobre o Nacional Socialismo - Topografia do Terror - projeto do arquiteto suíço Peter Zumthor, será demolida.

Isso ocorre depois de 11 anos de polêmica, desentendimentos e despesas de 15 milhões de Euros.

Os supersticiosos diriam que as agruras da construção do centro de documentação da Fundação Topografia do Terror, em Berlim, são alguma maldição advinda dos horrores da Segunda Guerra Mundial.

Superstições à parte, o desfecho do projeto é o resultado de uma série de mal-entendidos e erros administrativos. Na primavera de 1993, o projeto do suíço Peter Zumthor foi o vencedor do concurso para a construção do Centro de Documentação do Sistema de Opressão Nazista, com suas três estruturas: SS, Gestapo e a polícia.

Na primavera de 2004, a mesma administração da cidade de Berlim que havia aprovado o projeto do arquiteto suíço, depois de já haver gasto 15 milhões de Euros, decidiu demolir a construção iniciada em 1995 e ainda não concluida, sob a argumentação de que os custos ultrapassariam os 38,9 milhões de Euros, orçamento total destinado à construção do prédio.

Processo

De acordo com o advogado do arquiteto, Klaus Goecke, Zumthor soube da decisão de demolir o prédio, através da imprensa, em maio deste ano e somente no início de novembro tomou conhecimento de que a demolição tinha data marcada para 15 de novembro.

Para tentar impedir a destruição, o arquiteto entrou com um processo no tribunal regional de Berlim alegando que a demolição causaria danos morais para sua carreira, além de não ter sido provado que os custos ultrapassariam a verba inicial destinada ao projeto.

Depois de ter perdido o processo, o caso foi parar no Supremo Tribunal de Justiça que, em 25 de novembro, confirmou a sentença. A decisão é irrevogável e as duas torres de concreto deverão ser demolidas na última semana de novembro.

Topografia do Terror

O centro de documentação Topografia do Terror será construído no mesmo terreno onde a SS, Gestapo e polícia tinham seus quartéis generais – bombardeados no quase ao final da Segunda Guerra – e paulatinamente destruídos pela própria população berlinense que se sentia obrigada a esquecer o passado desastroso do Nacional Socialismo.

Em 1987, devido as comemorações dos 750 anos da cidade de Berlim e a pedido de várias vítimas da perseguição do nazismo, foram feitas escavações nas ruínas dos prédios onde essas pessoas haviam sido torturadas.

Organizou-se no local, até então um terreno baldio próximo do Muro de Berlim, uma exposição que deveria durar seis meses.

O interesse pela exposição foi tão grande que demonstrou a necessidade da criação de uma instituição dedicada a esse período da história alemã, a fim de esclarecer e refletir o assunto delicado que até esse momento não preocupava particularmente a população alemã.

Fundação sem sede

Todos os dias centenas de turistas visitam a exposição improvisada ao ar livre da Fundação Topografia do Terror, na região da Potsdammer Platz.

Apesar do grande interesse internacional pelo centro de documentação. a obra não avançou durante todos esses anos e a Fundação continua sem sede, apesar de ter sido criada em 1992 e ser a proprietária do terreno em que a construção foi iniciada.

Segundo a Claudia Steur, funcionária da Fundação, a linha de trabalho desenvolvida por eles tem sido uma improvisação permanente. “Todos os dias recebemos propostas de escolas e grupos diversos que gostariam de conhecer a história do Nacional Socialismo”.

Visitantes do mundo inteiro

Entretanto, “não temos espaço físico disponível para receber grupos, pois dispomos somente de alguns escritórios alugados. No inverno, por exemplo, é impossível permanecer com um grupo de pessoas ao ar livre durante horas, o que impede que organizemos eventos onde se pudesse apresentar vídeos ou abrir discussões,“ relata.

Além disso, “essa permanente situação de improviso prejudica o desenvolvimento de um trabalho contínuo; nós não precisamos de um museu esplendoroso e sim apenas de uma sede onde tenhamos espaço para o centro de documentação e a organização de exposições e eventos,” desabafa Claudia Steur.

Com a demolição interrompida, será aberto um novo concurso para a construção do museu, com orçamento limitado a 23,9 milhões de Euros.

Tomara que desta vez os atropelos burocráticos e a má administração das verbas públicas não continuem a prejudicar o projeto histórico e de interesse para visitantes do mundo inteiro.

swissinfo, Gleice Mere em Berlim

Verba total destinada para a construção: 38,9 milhões de Euros.
Utilizada para construção e demolição do projeto: 15 milhões de Euros.
Orçamento para o novo projeto: 23,9 milhões de Euros.

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