Xi aborda a questão de Taiwan em conversa por telefone com Trump
O presidente chinês, Xi Jinping, abordou a questão de Taiwan em uma conversa por telefone na segunda-feira (24) com seu homólogo americano, Donald Trump, ao mesmo tempo que destacou a necessidade de aproveitar a frágil trégua comercial entre as duas superpotências.
A China reivindica Taiwan como parte de seu território e não descarta uma retomada à força da ilha democrática, submetida a uma forte pressão militar, econômica e diplomática.
O Ministério das Relações Exteriores da China informou que a ligação também abordou outros temas, como a Ucrânia, mas que Taiwan ocupou um lugar de destaque devido à disputa diplomática de várias semanas desencadeada pelo Japão, aliado-chave dos Estados Unidos.
Xi disse a Trump que a retomada da ilha como parte da China é “parte integral da ordem internacional do pós-guerra” forjada na luta conjunta dos Estados Unidos e da China contra “o fascismo e o militarismo”, segundo o ministério.
O primeiro-ministro de Taiwan, Cho Jung-tai, respondeu aos comentários do presidente chinês e declarou à imprensa nesta terça-feira (25) que a ilha “é um Estado plenamente soberano” e que “não existe a opção de devolução”.
Taiwan foi o motivo da mais recente disputa entre Tóquio e Pequim, depois que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sugeriu no início do mês que o Japão poderia intervir militarmente em caso de ataque contra a ilha.
Embora o governo dos Estados Unidos não reconheça oficialmente a reivindicação taiwanesa de ser um Estado, Washington permanece como aliado da ilha e seu fornecedor de armas mais importante.
Após a ligação, Trump elogiou as “relações extremamente sólidas” entre Estados Unidos e China em uma publicação nas redes sociais, mas não mencionou a ilha.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, o magnata republicano disse a Xi que Washington “entende a importância da questão de Taiwan para a China”.
Trump confirmou que visitará a China em abril e que Xi viajará à capital americana mais tarde em 2026.
Por sua vez, a japonesa Takaichi informou que também teve uma conversa telefônica com Trump, durante a qual discutiram a conversa do americano com Xi, assim como as relações entre Washington e Tóquio.
“Tivemos uma ampla troca de opiniões sobre o fortalecimento da aliança entre Japão e Estados Unidos, além dos desafios e problemas enfrentados pela região do Indo-Pacífico”, disse à imprensa, sem revelar detalhes.
– “Manter o impulso” –
O contato telefônico entre Xi e Trump ocorreu após uma reunião no final de outubro na Coreia do Sul, na qual concordaram em apaziguar uma acirrada guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais.
A disputa entre Washington e Pequim, que envolvia de terras raras até soja e tarifas portuárias, abalou os mercados e paralisou as cadeias de suprimento por meses.
No acordo provisório, Pequim aceitou suspender por um ano algumas restrições à exportação dos minerais considerados críticos para indústrias como tecnologia e defesa.
Por sua vez, Washington anunciou que reduzirá as tarifas sobre os produtos chineses. Pequim comprará pelo menos 12 milhões de toneladas de soja americana até o final do ano e 25 milhões de toneladas em 2026.
Xi disse a Trump na segunda-feira que os dois países devem “manter o impulso” alcançado em seu encontro, segundo o Ministério das Relações Exteriores.
Trump também se mostrou otimista em sua declaração. “Aconteceram avanços significativos por ambas as partes para manter nossos acordos atualizados e precisos. Agora, podemos fixar nosso olhar no panorama geral”, afirmou.
Os dois líderes também conversaram sobre a guerra na Ucrânia, uma questão prioritária na agenda de Trump, que pressiona para obter o fim do conflito com um novo acordo que, segundo os críticos, atende em grande medida às exigências da Rússia.
A China se posicionou como parte neutra e, na ligação de segunda-feira, Xi reiterou seu apoio ao fim do conflito, que já dura quase quatro anos.
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