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Busca por jornalista britânico e indigenista desaparecidos na Amazônia é retomada

O jornalista Dom Phillips em visita à Aldeia Maloca Papiú, Brasil, em 16 de novembro de 2019 afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 07. junho 2022 - 14:07
(AFP)

As autoridades brasileiras retomaram nesta terça-feira (7) as buscas pelo jornalista britânico e o indigenista que estão desaparecidos desde domingo no Vale do Javari, no Amazonas, após receber ameaças.

Dom Phillips, de 57 anos, colaborador do jornal britânico The Guardian, desapareceu enquanto realizava uma investigação para um livro com Bruno Pereira.

Os dois homens não são vistos desde a manhã de domingo. Eles haviam "recebido ameaças na semana [anterior] ao seu desaparecimento", revelou em nota a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e Recentemente Contatados (OPI).

O Vale do Javari é uma região de difícil acesso, próxima à fronteira com o Peru e a Colômbia, e especialmente afetada pela presença de garimpeiros e madeireiros ilegais que exploram a região.

Após buscas iniciais sem sucesso, a Polícia Federal (PF) e a Marinha retomaram as operações nesta terça-feira.

A Marinha enviou um helicóptero, dois barcos e um jet ski para fazer buscas na área, segundo a imprensa local.

O governo, que expressou sua "grande preocupação", garantiu, em nota, que a PF está agindo "para localizá-los o quanto antes".

Assegurou ainda que se for um ato criminoso, "tomará todas as medidas para levar os responsáveis à justiça".

O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, disse nesta terça-feira que a expedição de ambos era uma "aventura não recomendável", e acrescentou que eles podem, inclusive, ter sido "executados".

"Realmente, duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que eles tenham sido executados. Tudo pode acontecer", afirmou o presidente ao SBT News.

"A gente espera e pede a Deus que sejam encontrados brevemente. As Forças Armadas estão trabalhando com muito afinco na região", acrescentou Bolsonaro.

- 'Uma aventura não recomendável' -

Phillips e Pereira haviam viajado de barco até a localidade de Lago Jaburu e deveriam retornar à cidade de Atalaia do Norte na manhã de domingo. O objetivo era entrevistar indígenas.

Eles começaram a viagem de retorno no domingo de manhã, parando na comunidade de São Rafael, onde Pereira tinha marcado um encontro com um líder local.

Como ele não apareceu, os dois homens seguiram para Atalaia do Norte. A última vez que foram vistos foi em São Gabriel, perto de São Rafael.

"Eu tô entrando no mato amanhã. Daqui a uns 15 dias ou menos até eu tô por Atalaia do Norte. E chego dia 6", disse o indigenista em áudio sem data publicado nesta terça pelo jornal O Globo.

Phillips e Pereira viajavam em um barco novo com 70 litros de gasolina e usavam equipamentos de comunicação via satélite.

A polícia colheu declarações na segunda-feira de duas pessoas que teriam sido as últimas a vê-los, confirmou à AFP uma fonte da Polícia Federal.

Pereira, especialista da Funai, recebe regularmente ameaças de madeireiros e garimpeiros ilegais.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, a irmã do jornalista, Sian Phillips, pediu "às autoridades brasileiras que façam todo o possível [...] O tempo é crucial".

"Sabíamos que era um lugar perigoso, mas Dom acreditava que era possível salvar a natureza e os indígenas", disse a irmã, que mora no Reino Unido, visivelmente angustiada.

Phillips, que também colaborou com New York Times e Washington Post, é casado e mora no Brasil há cerca de 15 anos.

Ele havia viajado com Pereira em 2018 para o Vale do Javari para escrever uma história para o Guardian.

Nesta terra indígena vivem 6.300 indígenas de 26 grupos diferentes, 19 deles isolados, segundo a ONG Instituto Socioambiental.

A violência nessa região, situado no oeste do Amazonas, aumentou nos últimos anos.

A base local da Funai, instalada para proteger e auxiliar os indígenas, sofreu vários ataques desde o final de 2018, incluindo a morte a tiros em 2019 de um de seus funcionários.

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